ATA DA PRIMEIRA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO
LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 13.03.1989.
Aos treze dias do mês de março do ano de mil novecentos e
oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre, em sua Primeira Sessão Extraordinária da Segunda
Sessão Legislativa Extraordinária da Décima Legislatura. Às nove horas e
quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida
pelos Vereadores Adroaldo Corrêa, Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum,
Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Ervino Besson,
Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol, Heriberto Back, Isaac Ainhorn,
Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro
Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José,
Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson
Santos e Wilton Araújo. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente
declarou abertos os trabalhos e foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral
e Votação Nominal, foi aprovado o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº
17/88 e a Mensagem Retificativa por vinte Votos SIM contra nove Votos NÃO;
aprovadas as Emendas nºs 01, 01a, 04, 05, 06, 08, 10, 17, 21, 32, 34, 35, 37 e
39, por vinte e oito Votos SIM, nenhum Voto NÃO e uma ABSTENÇÃO; e rejeitadas
as Emendas nºs 09, 12, 13, 14, 19, 27, 33, 36, 41 e 42 por nove Votos SIM
contra vinte Votos NÃO, após ter sido encaminhado pelos Vereadores Dilamar
Machado, Wilson Santos, Luiz Braz, Airto Ferronato, João Dib, Flávio Koutzii,
Artur Zanella e Lauro Hagemann. E com Declaração de Voto dos seguintes
Vereadores: Artur Zanella, Isaac Ainhorn, João Dib, Leão de Medeiros, Luiz
Braz, Mano José, Nelson Castan, Vieira da Cunha, Vicente Dutra, Wilson Santos,
e dos Vereadores Airto Ferronato, Clóvis Brum e Luiz Machado. Foram aprovados,
ainda, os Requerimentos: do Ver. Clóvis Brum solicitando votação nominal e do
Ver. Flávio Koutzii, solicitando dispensa de distribuição em avulsos e
interstício para Redação Final, para o Projeto de Lei Complementar do Executivo
nº 17/88. Durante este período o Sr. Presidente respondeu às seguintes Questões
de Ordem: do Ver. João Dib, do Ver. Vieira da Cunha e do Ver. Clóvis Brum,
acerca do período de discussão; do Ver. Artur Zanella, acerca de votação de
Requerimento (pedido de destaque) e acerca de retirada de emenda; dos
Vereadores Clóvis Brum, Artur Zanella, Isaac Ainhorn, Omar Ferri, Adroaldo Correa
e Vieira da Cunha, acerca do procedimento de votação. Em PAUTA, Discussão
Preliminar, 1ª Sessão, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 06/89,
discutido pelos Vereadores Dilamar Machado, Clóvis Brum e João Dib. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Lauro Hagemann reportando-se sobre incidente entre
colonos sem terra e a polícia na Fazenda Santa Elmira, advertiu sobre a
responsabilidade da sociedade como um todo na solução da questão da reforma
agrária. Destacou declaração de D. Ivo Lorsheister de que nenhum dos
integrantes da UDR sofreu qualquer conseqüência desses fatos. E solidarizou-se
com os agricultores sem-terra pela luta que empreendem. O Ver. Luiz Braz
cumprimentou a comunidade do Bom Fim e o Ver. Isaac Ainhorn pela instalação de
um posto policial fixo naquele bairro. Declarou estranhar atitudes da Brigada
Militar em relação a outras comunidades que não tem atendido pedidos de
instalação de postos policiais fixos, exemplificando com a iniciativa do Bairro
Santo Antônio. O Ver. Décio Schauren agradeceu à Casa pela aprovação do Projeto
do ITBI. Anunciou Moção de Repúdio contra atitudes de violência ao movimento
dos colonos sem terra. Responsabilizou o Governo Federal pela situação agrária
existente no País e declarou que o Governo Estadual foi omisso quando de
incidente ocorrido na Fazenda Santa Elmira, envolvendo os colonos sem-terra e a
polícia militar. O Ver. Wilson Santos manifestou-se acerca da condução dos
trabalhos pela Mesa nesta Sessão, oferecendo sua solidariedade e apoio a mesma
e registrando sua discordância quanto a expediente subscrito pelo Ver. Isaac
Ainhorn. O Ver. Omar Ferri, referindo o ideal do homem público, declarou-se
constristado pelo descumprimento de leis, citando o Estatuto da Terra e
mencionando estatísticas relativas à propriedade rural. Advertiu sobre
conseqüências que advirão da falta de atitudes governamentais em relação a esse
assunto. Protestou contra incidente ocorrido, ontem, no interior do Estado e
solidarizou-se com Moção de Repúdio contra violência praticada aos colonos
sem-terra. O Ver. Vieira da Cunha pronunciou-se sobre o Projeto que trata do
Fundo de Previdência dos Vereadores, desmentindo notícia veiculada na imprensa
acerca de declarações de S.Exa. a respeito de posições de outros Edis quanto a
essa iniciativa. E respondeu pronunciamento, de hoje, do Ver. Clóvis Brum, em
Pauta, quanto à legitimidade da autoria de proposições. E o Ver. Clóvis Brum
esclareceu sua posição em relação a expressões que, hoje, em Pauta, proferiu.
Manifestou-se acerca do cumprimento de decisão judicial, ponderando sobre
sensibilidade social que deve conter. Responsabilizou o Governo Federal por
fomentar situações de repressão policial, como a ocorrida ontem, e o Poder
Judiciário pela decisão que a possibilitou. Ainda, em Votação, esteve o Requerimento
de Moção de Repúdio, de autoria do Ver. Décio Schauren, contra atitudes de
violência tomadas pelos Governos Federal e Estadual com relação à luta dos
colonos da Fazenda Santa Elmira, que, após ter sido encaminhado à votação pelos
Vereadores Luiz Braz, Omar Ferri, Isaac Ainhorn, Heriberto Back e Clóvis Brum,
pela falta de “quorum”, teve adiada sua deliberação. Às treze horas e dois
minutos, o Sr. Presidente levantou os trabalhos e convocou os Senhores
Vereadores para a Sessão Ordinária, hoje, à hora regimental. Os trabalhos foram
presididos pelo Vereador Valdir Fraga e secretariados pelos Vereadores Lauro
Hagemann e Wilton Araújo. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo
Senhor Presidente e por mim.
O
SR. PRESIDENTE: Havendo “quorum”, declaro abertos os
trabalhos da presente Sessão Extraordinária.
Passamos à
ORDEM
DO DIA
DISCUSSÃO
GERAL E VOTAÇÃO
PROC. N° 2724/88 -
PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 017/88, que
institui e disciplina o Imposto sobre a Transmissão Inter-Vivos, por ato
oneroso, de bens imóveis e de direitos reais a eles relativos. Com Mensagem
Retificativa e Emendas.
Parecer:
- da Comissão Especial. Relator Ver. Clóvis Brum:
pela aprovação do Projeto com a Mensagem Retificativa e das Emendas nºs 01,
01a, 04, 05, 06, 08, 10, 17, 21, 32, 34, 35, 37 e 39; e pela rejeição das
Emendas n°s 09, 12, 13, 14, 19, 27, 33, 36, 41 e 42.
O
SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLCE nº 017/88. (Pausa.)
Encerrada a discussão.
O
SR. ISAAC AINHORN: Peço a palavra para discutir, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE: A discussão já foi encerrada, Sr.
Vereador.
Para encaminhar, a palavra está com o
Ver. Dilamar Machado, pelo PDT.
O
SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, reúne-se
esta Casa hoje para discussão e votação de um Projeto que, do meu ponto de
vista, é da maior relevância para o Município de Porto Alegre. Estamos nós, os
porto-alegrenses e os gaúchos, vivendo hoje um momento de extrema dificuldade
para o Rio Grande do Sul e para o Município de Porto Alegre. Para que V. Exas
tenham uma idéia do isolamento em que vive o Rio Grande do Sul, quando vinha
para esta Casa ouvi, na Rádio Gaúcha, uma informação de que há mais de 3 meses
um ministro da República não põe os pés no Rio Grande do Sul, sem falar no
Presidente da República, que nunca veio ao Estado, que eu me lembre; uma vez,
se não me engano, veio escondido, na Festa da Uva - não é, Ver. Dib? - mas como
o Presidente, nunca colocou os pés em Porto Alegre, para discutir problemas
desta Cidade, deste Estado. Estou saindo de uma administração do PDT que,
durante 3 anos não recebeu do Governo Federal um centavo sequer, para qualquer
obra, para qualquer benefício ao Município de Porto Alegre; estou também saindo
da direção, de um ano e meio, de um Departamento de Habitação, sem ter recebido
recursos do Governo Federal, a não ser um único conjunto habitacional que está
em conclusão, que é o Conjunto Habitacional Guapuruju, com 614 apartamentos, e
embora aprovado um amplo projeto para 25 mil unidades do triênio, unidades
habitacionais que viriam a melhorar, a minorar, o gravíssimo drama da falta de
habitação em Porto Alegre, na hora em que o Município assinou o contrato com a
Caixa Econômica Federal, o Banco Central encontrou uma resolução, a de n°
1.469, que simplesmente impedia o Governo de repassar recursos para a
habitação, não só aqui na Capital como no interior do Estado, e vejam a
situação que vive hoje a COHAB, que na época tinha contrato para 44 mil
unidades, e nada pôde fazer. O Rio Grande está isolado, Porto Alegre está
isolada do Centro do País. Nós, durante muitos anos, lutamos, como vereadores,
deputados, qualquer um de nós, em suas atividades, para recuperar o Município
como célula da Federação. O princípio municipalista está em jogo nesta farsa de
reforma tributária que a Constituinte nos legou. E dentre as possibilidades de
melhorar as condições de vida dos Municípios, encontramos o repasse do imposto
de transmissão de bens imóveis para os Municípios. Já tivemos aqui o episódio
notável, quando da votação do Imposto sobre Venda a Varejo de Combustíveis.
Tivemos naquele momento nós Vereadores desta Casa, com duas exceções, do Ver.
João Dib e do Ver. Omar Ferri, o entendimento praticamente unânime, fora das
exceções do Legislativo, de que não deveríamos permitir que o contribuinte
final pagasse esse Imposto, porque localizamos ali uma grande picaretagem
Nacional que era a transformação do Imposto em preço, a partir do Empréstimo Compulsório
e do Imposto Único sobre Combustíveis que ainda hoje ou até em 01 de março
estava embutido no preço final da gasolina e do álcool com alíquota de 12%,
mais 28 do compulsório, 40% que deveria diminuir no preço final da gasolina e
do álcool, mas não diminuiu, alguém estará se beneficiando enormemente a partir
do fim do Compulsório e do Imposto Único sobre Combustíveis. Por que cobrar do
contribuinte final? Mas com isto mesmo agindo com a maior honestidade e visão
social, nós criamos um problema para a municipalidade de Porto Alegre. A
Prefeitura não está recebendo o Imposto sobre Venda a Varejo de Combustível, há
um problema judicial que nós vamos aguardar o desfecho e respeitá-lo. Agora
esse Imposto também a Prefeitura está por receber e está atrasado. É bom que os
Senhores Vereadores se conscientizem, claro que devem estar conscientes, de que
a Prefeitura só poderá começar a receber os recursos do Imposto de Transmissão
de Bens e Imóveis a partir de 30 dias da data da publicação da Lei que vier a
ser aprovada desta data aqui do Legislativo de Porto Alegre, conseqüentemente
para os cofres da Fazenda de Porto Alegre, só iniciarão o ingresso de recursos
a partir do dia 14 ou 15 ou 16 de abril, porque há um período normal para que
esta Lei entre em vigor. Projeto Original veio para esta Casa ainda encaminhado
pelo Prefeito Collares, com algumas alterações maiores ou menores da Lei que
durante muitos anos, acredito até que décadas, vigorou no Estado, quando o
Estado do Rio Grande do Sul arrecadava o imposto e repassava a parcela para a
Prefeitura de Porto Alegre. Entendeu o Prefeito Olívio Dutra, de encaminhar um
substitutivo a esta Casa, depois de retirar o Projeto face ao número exagerado
de Emendas, exagerado, entre aspas, porque me parece que, quanto mais emendada
uma Lei, mais atenção demonstra-se no Legislativo o interesse dos Senhores
Vereadores. Venho a esta tribuna, Sr. Presidente e Senhores Vereadores,
propugnar pelo atendimento da pretensão da Prefeitura de Porto Alegre em fixar
a alíquota em 2% sobre este imposto e, ao mesmo tempo, fixar algumas isenções
conforme as Emendas apresentadas inclusive a isenção para quem vier adquirir
imóveis financiados pelo sistema de habitação popular do País, especialmente
pelo DEMHAB e pela COHAB desde que estes imóveis estejam localizados no
Município de Porto Alegre. Tenho o entendimento de que o ITBI é um imposto que
não é cotidiano, não é um imposto de todos os dias, não é aquele que o
brasileiro está diariamente massacrado, diuturnamente massacrado em tudo o que
compra, em tudo o que faz. É um imposto que incide apenas e tão-somente na hora
da aquisição do imóvel, da casa própria, do apartamento, da casa ou do terreno.
Por isso, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em nome da recuperação da
independência dos Municípios para preservar este princípio inicial da reforma
tributária da Constituinte é que eu particularmente, embora seja uma questão
aberta dentro da Bancada do meu Partido, venho sugerir aos Srs. Vereadores um
amplo exame desta matéria. E, se possível, ao final dos trabalhos deste dia,
possamos iniciar na capital gaúcha, efetiva reforma tributária, dotando o
Município de recursos capazes de proporcionar especialmente à periferia de
Porto Alegre um momento de vida melhor, mais digna, com obras que há tanto tempo
são reclamadas e que nós que saímos da administração entendemos que não há um
Prefeito, a não ser que seja um débil mental, que não faça obras nas
periferias, nas vilas, saneamento básico, água, iluminação, calçamento,
escolas, a não ser que não tenha recursos. Não podemos cobrar da administração
do PT as obras se não tiver recursos. Agora tendo recursos e não fazendo, serão
efetivamente os senhores do Partido dos Trabalhadores muito cobrados nesta
Casa. Pela aprovação do Projeto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra, pelo PL, o Ver. Wilson
Santos. V. Exª tem 5 minutos, sem apartes.
O
SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o
encaminhamento do PL é em favor da Emenda apresentada pelo Ver. Isaac Ainhorn
que fixa o imposto em 2%. Mas, de qualquer maneira, nós temos este entendimento
porque compreendemos que não devemos participar em aumento de impostos. Nós
temos consciência de que a prática estadual, quando esse mesmo imposto era
praticado pelo Estado com a cobrança e, conseqüentemente, com os recursos
reforçando a sua receita, era praticada a nível de 2%. Portanto, nós entendemos
que agora o governo estadual deixa de cobrar esse imposto, deixa de ter o
montante dessa cobrança inserido na sua receita, e passa, portanto, o
Município, a cobrar esse imposto e, conseqüentemente, ter o encaixe de recursos
financeiros na sua receita. Nós também estamos coerentes com a votação do IVVC
nesta Casa, onde primeiramente votamos contra o Projeto, porque entendíamos que
estava sendo extinto o Imposto Único Sobre Combustíveis na ordem de 10% a nível
federal, e entendíamos que justiça haveria se o montante cobrado pela União
fosse repassado para os Municípios. Ao se extinguir aquele imposto único, ao se
fazer com que aquele imposto se transformasse em preço, ao se querer
transformar a Câmara de Vereadores num Poder Legislativo que estaria
viabilizando a cobrança de um imposto no episódio do Imposto Sobre Venda a
Varejo de Combustíveis, a Câmara de Porto Alegre não estaria apenas aprovando,
ou permitindo ao Município a cobrança de um imposto, mas o que a Câmara de
Vereadores estava fazendo era majorando os preços dos combustíveis e o PL
entendia que não estava participando para a cobrança de um imposto, estava
participando para aumentar o combustível. Senão, vejamos: a gasolina custando
428 cruzados, a Câmara não estaria cobrando 3% sobre os 428 cruzados, a Câmara
estaria aprovando um Projeto que aumentaria o preço do combustível em mais 3%,
ou seja, a gasolina, especificamente, passaria de Cz$ 428,00 para Cz$ 430,00 e
poucos cruzados. Basta calcular 3% em cima de Cz$ 428,00. Então, estaríamos
aumentando os impostos. E aqui da mesma maneira nós encaminhamos a matéria no
sentido de uma emenda que estabelece em 2%. Se houver dificuldades e se não
houver esta possibilidade é bem possível que, de acordo com o novo quadro, o PL
venha a se abster desta votação, porque entende que o justo é cobrar o mesmo
que o Estado cobrava: 2%. Não existia esse imposto no Município ele vem a mais e
conseqüentemente é muita sede para ir a um pote só. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, sei
que regimentalmente não é possível o que vou solicitar, no entanto o Plenário,
talvez soberanamente, possa, até, alterar o Regimento Interno neste momento. Eu
fiz esta solicitação e estou muito bem informado por quem tem bastante
competência, porém há um mal-estar generalizado na Casa por ter sido encerrada
a discussão. V. Exª fez certo quando colocou e eu ouvi quando V. Exª disse: “em
discussão, ninguém vai discutir, então está encerrado”. Porém eu não sei se
pudéssemos retomar a discussão se não seria melhor já que o tumulto é muito
grande. De qualquer forma eu quero me inscrever.
O
SR. PRESIDENTE: Está registrada a sua Questão de Ordem. A
seguir damos a palavra ao PTB, Ver. Luiz Braz, que tem 5 minutos para
encaminhamento.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós
somos um daqueles cidadãos que lutamos pela municipalização porque acreditamos
que, no futuro, a municipalização irá resolver os graves problemas que foram
criados, principalmente, após 1964. Achamos que a descentralização da máquina
tributária, do recolhimento de impostos, vai fazer com que os Municípios possam
respirar um pouco mais aliviados. Mas nós não somos favoráveis à
municipalização, para que esses impostos quando saiam de suas esferas, ou seja
Federal, ou Estadual, venham para o Município para serem acrescidos em seus
percentuais. Porque se nós formos favoráveis a que isso ocorra, nós estaremos
sendo favoráveis ao aumento da tributação, a opressão maior da população, a
tirar mais da população que já tem muito pouco. Então, nós não somos favoráveis
a que a municipalização se dê nesses níveis. Mas é claro, é evidente, que desde
que assumiu o Poder Municipal, o governo de Olívio Dutra vive a aclamar por
recursos, o PT diz que o PDT deixou os cofres totalmente raspados, e que não
existem condições de governar assim. Tanto é que o funcionalismo público pede
uma reposição de 70% e o PT diz que mal e mal dá para dar 20% de reposição.
Isso é sinal de que existem pessoas sofrendo por falta de arrecadação do
Município.
Então, é por isso que nós do PTB
resolvemos aceitar as ponderações que foram feitas pelo Líder petista Flávio
Koutzii, e vamos votar a Mensagem Retificativa do Governo Olívio Dutra, dando o
índice de 3% no ITBI. Aceitamos esse aumento de 3% que está sendo cobrado
atualmente no Estado, de 2 para 3% que passa para a órbita do Município.
Mas pedimos um comportamento para o Líder
petista, que com essa maior arrecadação que terá o Município, esses 800 mil que
entrarão mensalmente no Município, de acordo com os cálculos realizados, que se
estude uma maneira de aumentar essa proposta feita para o funcionalismo público
municipal. Que ao invés dos 20% que dará uma perda salarial de 50% para o
funcionalismo público, que se encontre uma fórmula de se aumentar esta
proposta, porque 20%, eu tenho certeza, pois eu convivo com este funcionalismo
público há mais de 6 anos, que os 20% oferecido pela Administração do PT vai
acabar levando o funcionalismo ao desespero e eles vão acabar entrando em
greve. E aí seria uma greve muito justa, porque seria uma greve que iria
combater tudo aquilo que o PT sempre combateu, as perdas salariais, e, agora, o
próprio PT está contribuindo para que elas cresçam dentro do funcionalismo. E é
exatamente visando aumentar o poder de barganha do funcionalismo, é exatamente
visando dar para o PT melhores condições para pagar o funcionalismo e para
cumprir os seus compromissos é que nós votamos os 3%, porque já acreditamos e
já dissemos isso, inclusive, para o Prefeito Olívio Dutra que foi cometido um
engano quando o PT apoiou a proposta do PDT na votação do IVVC. E desta vez, é
claro, que o PT não poderia cometer o segundo engano contra si próprio, porque
o primeiro engano somado com o segundo já dá um prejuízo muito grande. “A
priori” para o próprio funcionalismo que não vai poder receber aquilo que
perdeu nos últimos tempos com a inflação e, muito mais ainda, o PT ficou
absolutamente sem caixa para fazer qualquer obra nesta Cidade. É por isso que
somos pelos 3%. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. VIEIRA DA CUNHA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a
Questão de Ordem que levanto a V. Exª é no sentido de que aquela suscitada pelo
Ver. João Dib seja respondida ainda antes do próprio encaminhamento de
Liderança, porque V. Exª marcou esta reunião extraordinariamente hoje, pela
manhã, em função deste Projeto, do número expressivo de Emendas e do caráter polêmico
desse Projeto. Então, faço eco à Questão de Ordem do Ver. João Dib, para que V.
Exª reabra a discussão. A própria imagem desta Casa estaria, com isto,
resgatada, na medida em que poderíamos discutir este Projeto tão importante
para a Cidade.
O
SR. PRESIDENTE: A Questão de Ordem de V. Exª está sendo
um pronunciamento. O discurso está registrado, a Presidência dos trabalhos
abriu as inscrições, mas não quero discutir com V. Exª. Minha assessoria está
verificando a possibilidade. V. Exª sabe que sou sensível, mas respeitarei o
Regimento Interno. Entendo V. Exª, e a palavra está à disposição. Nenhum
Vereador se inscreveu. Quando nós encerramos, o Ver. Isaac Ainhorn solicitou,
mas depois de encerrado. A mesma coisa nos encaminhamentos. Por pouco nós encerramos
também, mas há a inscrição, agora, do PMDB e do PDS. No decorrer da Sessão nós
vamos responder, mas o caminho que nos leva é respeitar o Regimento Interno.
Gostaríamos que fosse discutido, e eu, inclusive, comunicava à imprensa que
poderia entrar no debate, mas fui surpreendido pelo Plenário, que não fez
inscrição. Encaminha, pelo PMDB, o Ver. Airto Ferronato.
O
SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o PMDB
encaminha favoravelmente ao Projeto e ao Substitutivo do Sr. Prefeito Municipal.
Por quê? Em primeiro lugar, porque nós devemos ter em mente de que esse
imposto, o ITBI, não é alguma coisa tão nova assim. Este imposto era de
competência dos Estados, que legislavam e arrecadavam ITBI, Inter-Vivos e causa
mortis, e do total dessa arrecadação era distribuído aos Municípios 50%
desse produto. Portanto, entendemos que, em primeiro lugar, se este imposto é
repassado ao Município, o mesmo deixa de arrecadar a transferência relativa a
50% desse imposto, que, anteriormente era repassado, inclusive sem nenhum custo
de administração do mesmo, porque competia aos Estados esta administração do
imposto e o Estado simplesmente repassava o tributo. Todos nós sabemos - e com
freqüência nos reportamos ao tema - que, com a reforma tributária, couberam
impostos aos Municípios, mas também lhes foram repassados sensíveis acréscimos
de encargos. Portanto, dizer-se que o Município já estaria recebendo um
imposto, nós entendemos que isto, no mínimo, merece algum reparo, algum
cuidado. Eu gostaria também de dizer-lhes o seguinte: há algum tempo atrás,
quando eu alegava que seria contra a Emenda do nobre Líder do PT, de 2, 3, 4 e
5%, jornalistas me perguntavam por que eu não apresentaria uma emenda
intermediária e eu dizia que, na verdade, para apresentarmos emendas
intermediárias, ou inclusive de diminuirmos alíquotas em algumas faixas, nós
temos que ter o cuidado de saber que reflexos essas alíquotas podem ter para a
Prefeitura Municipal. Se eu coloco lá que, numa faixa “x”, a alíquota seria de
1,5%, os reflexos que isto traria para o Município ninguém sabe. Nós deveríamos
estudar o assunto com mais profundidade, para apresentarmos este tipo de
emenda. E entendemos mais, que o PMDB, assim o fazendo, jamais poderá arcar com
o encargo de dizerem que estaríamos negando recursos à Prefeitura Municipal de
Porto Alegre. Em não negando recursos à Prefeitura Municipal de Porto Alegre,
apoiando o Substitutivo do Sr. Prefeito Municipal, nós temos consciência de
que, aí sim, e somente assim, serão acrescidos recursos ao erário público
municipal. Se permitirmos que fique apenas em 2%, a grosso modo, estaremos
somente entendendo de que seria transferida receita do Estado para o Município,
em razoáveis valores, equivalentes àqueles que, já anteriormente, estariam
chegando. Então, se aprovarmos esta Emenda, nós temos e vamos exigir da
Prefeitura Municipal que se atenda aos clamores da população de Porto Alegre,
daí por que voltamos a dizer que encaminhamos favoráveis ao Projeto e a Emenda
e até dizendo por que, porque na verdade este imposto, como é uma transferência
do Estado para o Município, nós entendemos que ele já está chegando tarde. Por
quê? Porque já deveria ser aprovado antes. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Para encaminhar, a palavra está com o
Ver. João Dib, pela Bancada do PDS.
O
SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Jornal do
Comércio de hoje diz numa pequena manchete: “Câmara vota hoje ITBI confuso”. Na
realidade é um Projeto complexo, com algumas dezenas de Emendas e que precisa
ser reformulado, precisa ser debatido e debatido amplamente. Já havia dito numa
das reuniões da Comissão que talvez, se aprovássemos o Projeto na forma que
veio, com algumas dificuldades, daqui a alguns meses quando o Município pudesse
fazer uma análise concreta e correta do problema, esta Câmara estaria de portas
abertas para reexaminar e fazer as alterações que se fizessem necessárias.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a
“Zero Hora” de quarta-feira, dia 8 de março, no Informe Especial traz uma nota
que deixa muitos dos Vereadores por certo preocupados e tristes. Talvez muitos
dos Vereadores não tenham lido. Diz: “Pobre Contribuinte. Se prosperar um
acordo que está sendo costurado na Câmara de Vereadores, o porto-alegrense
poderá ser duplamente castigado em suas finanças. Vereadores antigos, que são
contrários ao Projeto do Líder do PDT, Ver. Vieira da Cunha, que acaba com a
utilização de dinheiro do Município para aposentadoria dos Vereadores, estão
dispostos a aprovar projeto do PT que aumenta de 2% para 3% a alíquota do
imposto Inter-Vivos... e se algum edil petista sair do Plenário no dia da
votação do Projeto Vieira da Cunha. Acontece que a decisão pelo que se sabe
andará em torno dos 17 contra os 16, se alguém faltar...” Coloca-se a suspeição
sobre a Câmara, diz que nós negociamos, os mais antigos estão interessados na
continuidade do Fundo. Eu sou o mais antigo hoje na Câmara, e para mim a
decisão da maioria há de me servir, porque o que vier acontecer terá
continuidade, terá desdobramento, e eu quero vivê-los todos. Mas de qualquer
forma Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós não vemos outra solução, já que
havíamos proposto que a alíquota fosse de 2,5% e o Nobre Vereador do PDT
sugeriu 3%, e o Secretário da Fazenda presente prontamente aceitou. Eu alertava
que seria difícil manter os 3%. Nós pretendíamos, numa Emenda de Liderança,
apresentar 2,5, mas o Ver. Isaac Ainhorn, ágil, apresentou uma Emenda de 2%, e
a Bancada do PDS acompanha os 2%, o que não poderia ser diferente. Nós não
vamos ser aqueles que aparecem como negociadores de aumento. Nós evidentemente
também gostaríamos de apresentar emendas de Lideranças, duas, uma, a Emenda n°
8, seria uma subemenda trocando valores de 15 mil por 20 mil cruzados novos.
Isentando do Imposto de Transmissão, cobrando apenas meio por cento quando o
adquirente tiver comprando sua primeira propriedade e tiver mais de 65 anos, ou
quando ele seja aposentado por deficiência física. Dessa forma, Sr. Presidente,
apelando para que possa ser discutido ainda o Projeto, eu deixo a tribuna
dizendo que a Bancada do PDS vota a Emenda do Ver. Isaac Ainhorn de 2% e espera
que no futuro o Executivo possa, fazendo um estudo completo do que ocorre,
traga para reexame desta Casa. E eu estou certo de que é melhor receber os 2%
imediatamente, não daqui a 30 dias, como foi dito, aprovada e sancionada a lei,
no mesmo dia, da sanção, já pode, e publicação no Diário Oficial, passar a
receber, a Prefeitura, esta importância que é extremamente necessária, dada a
carência de recursos que a Secretaria da Fazenda vive hoje.
Portanto, ao que tudo indica, nós teremos
ainda pela manhã a solução do problema. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Flávio Koutzii.
O
SR. FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a
Bancada governista tem sustentado - e sustentou durante importantes discussões
nesta Casa, especialmente na Comissão Especial que preparou Parecer - a
necessidade de uma alíquota de 3%. Os debates, o próprio encaminhamento - e vale
a pena recordar a retirada deste Projeto no fim de janeiro - e o fato que o
sustentou, a necessidade de avaliar melhor as conseqüências e os
desdobramentos, que teriam as Emendas propostas em janeiro. Nós podemos trazer
à consideração da Comissão uma série de dados que não possuíamos, inexistentes
na época do primeiro debate e que permitiram mostrar a importância deste
imposto, o espectro da sua incidência, e dá ao debate - me parece -, mais
consistência e maior responsabilização no momento das decisões. Uma das
questões que permanentemente foi discutida pelos diferentes partidos é a
referência de que 2%, é a velha alíquota que existe há muito tempo, e que
portanto não haveria razões para mexer nisto. Em qualquer lugar desta Cidade,
queremos preparar as pessoas para entenderem porque é necessário modificar, e
porque 2% não é um limite, um fetiche, nem um número cabalístico, é
absolutamente presente aos Srs. Vereadores com experiência nos problemas desta
Cidade, que as cidades que ficaram grandes, as que cresceram num nível e que os
seus serviços cresceram abaixo dessas necessidades, não só criaram cinturões de
miséria e pobreza em sua volta, quanto do ponto de vista infra-estrutural, do
ponto de vista do transporte, do ponto de vista da chegada da água, da malha de
ensino e de saúde não estamos dando conta. As grandes metrópoles da América
Latina são o cenário da tragédia daqueles que não têm recursos. O Município, e
assim têm sido os debates, certamente há consciência dos Srs. Vereadores que,
além de munícipes, são homens com capacidade de interpretação da realidade
nacional, eles têm os dois elementos na mão. Eles sabem, nós sabemos, cada um
de nós, das extraordinárias dificuldades para mudar radicalmente a situação no
País, portanto, mudar as variáveis que permitiram colocar as cidades em outro
nível de soluções; e, por isso, sabem que a escassez de recursos não é um
fenômeno circunstancial dessa ou daquela administração, mas é um fenômeno que
gradualmente se acentua. Daí por que, o desafio se coloca para nós: a questão
dos três por cento não é um capricho desta Administração, não é uma
exorbitância desta Administração, não é nem mesmo somente - porque isto pesa
muito - uma situação conjuntural de extraordinária dificuldade, da qual todos
estão a par com leituras e interpretações políticas diferenciadas. É preciso,
sim, passar de dois para três por cento, porque nem isso, e não somente isso,
permitirão que Porto Alegre atenda àquela defasagem, àquele déficit, àquela
insuficiência de recursos que são, cada vez mais, acentuados. É por isso que a
Bancada do PT pede a compreensão, e já ouviu, pela intervenção da maioria dos
Líderes desta Casa, madura, extremamente responsável, não para com o Governo,
mas para com a Cidade.
Nós pensamos que o dia de hoje pode registrar
por parte dos Vereadores desta Casa uma votação que mostre - creio e estou
confiante que vai ser assim - que, em primeiro lugar nesta Cidade, em primeiro
lugar estão os porto-alegrenses e em terceiro lugar, sim, estão nossas
legítimas divergências políticas. Cada um de nós sabe o momento em que é
preciso realmente sustentar a máquina que deve servir a esta Cidade.
Com isso, Senhores e Senhoras, quero
agradecer a expressão das Lideranças e dizer que nós consideramos isto um
momento muito importante para o caminho que temos pela frente nos próximos
quatro anos. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Encaminha pelo PFL, seu Líder, Ver. Artur
Zanella. Cinco minutos, sem apartes. Antes disso, o Ver. Artur Zanella nos
encaminhou duas Subemendas. Lamentavelmente não podemos receber, conforme o
art. 182 do R.I, a apresentação de Emenda fará o Líder - tendo em vista o
inciso 3º - somente na discussão geral. Infelizmente, Ver. Artur Zanella, não
podemos receber as Emendas de V. Exª.
O
SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a
apresentação destas Subemendas foi decidida na sexta-feira em reunião realizada
pela nossa Bancada com a do PDS que constitui e constituíram, na eleição, a
ADP. Recebemos também na sexta, à tarde, a manifestação do Sindicato da
Construção Civil, no qual sugeria algumas Emendas, eis que seus representantes
participaram de uma reunião na quinta-feira, aqui nesta Casa. E esperávamos ter
condições hoje de apresentar estas Emendas durante o processo de discussão que,
de acordo com a previsão de todos, seria desenvolvida no dia de hoje. Mas com
surpresa, enquanto datilografávamos estas Emendas, recebemos a informação de
que como ninguém queria discutir o processo, esse tempo se havia esgotado. Em
contatos com outros Vereadores, outras Lideranças, principalmente do PDT,
informaram-me os mesmos que por motivos regimentais, a pressa, ou coisa que o
valha, porque eu não estava aqui presente, essa discussão não ocorre. Mas eu
queria deixar para os Senhores a nossa posição e a responsabilidade que nós
temos hoje. Nós estamos transferindo um imposto de 2% do Estado, que era
dividido, e não estamos aumentando de 2 para 3, dizendo, não é, só 1. Nós
estamos aumentando, se aprovada for a Mensagem Retificativa do Sr. Prefeito Municipal,
o imposto em 50%. Não é em 1%; 2 para 3% é pouco, mas, não, nós estamos
aumentando em 50%, porque quando se aumenta de 2 para 3%, está-se aumentando em
50%, e essa é a responsabilidade que temos hoje, aqui. Nós estamos hoje
aumentando os impostos da população, seja com a compreensão futura, como falou
o Líder do PTB, esperando que os funcionários recebam isso com compreensão,
mas, na verdade, nós estamos aumentando em 50% o imposto, e daqui a 2 dias nós
vamos aumentar em 3% para o consumidor final, o imposto da gasolina. Não
adianta botar a culpa na Justiça, no advogado, na Prefeitura, esta Câmara
Municipal está aumentando, e nós temos que chegar até a população e dizer: nós
aumentamos o imposto. Não com o meu voto. E todos aqueles que cobram que a população
já está pagando demais, que o povo está arrochado, amanhã, se esse imposto
subir para 3%, tem que chegar na imprensa e dizer: eu aumentei o imposto. E no
dia 15, quando pagar o imposto da gasolina, tem que chegar na imprensa e dizer,
claramente: Eu, Vereador do PMDB, do PTB, do PL, do PDS, do PFL, do PT, seja lá
de que partido for, aumentei os impostos desta Cidade. (Aparte inaudível.) O
Ver. Luiz Braz está dizendo que votou contra o da gasolina. Eu também. Então,
tem que dizer, Vereador. Quando na sexta-feira, por exemplo, o Ver. Gregol
dizia aqui que tem que interpretar as notícias, que não haveria demissões na
Prefeitura, então, não parecia mais interpretar melhor. Ontem, o Sr. Secretário
de Administração disse que só vai haver investimento com demissão. Então, não
adianta, Ver. Luiz Braz, aumentar para 3% porque investimento é só com
demissões.
Então, Sr. Presidente, eu sei que isso é
anti-regimental, mas apelando, mas que ainda fosse discutido, porque sempre
nesta Casa quando o Regimento de uma forma ou de outra não acolhe certas coisas
as Lideranças votam e alteram. Isso já aconteceu dezenas, só na votação do IVVC
foi alterado todo o Regimento com acordo de Lideranças.
Então, Sr. Presidente, com esse excesso
de emendas, com esse acúmulo, eu creio que é possível, com acordo das
Lideranças, discutir essas emendas existentes.
Mas, Sr. Presidente, estou encaminhando
para retirar a emenda nº 27, na qual eu pedia que os recursos arrecadados pelo
ITBI serão obrigatoriamente utilizados em despesas de investimentos. Para que
não haja dúvidas quanto a utilização e para que não digam que o Ver. Artur
Zanella foi contra a emenda que daria aumento para os funcionários, eu estou
retirando essa emenda e para evitar que nas assembléias gerais se diga que
alguns Vereadores não querem que o dinheiro seja dos funcionários. Como a
assembléia é hoje à tarde, quando vão discutir os 20%, eu peço a retirada da
emenda nº 27. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: A palavra, com o Ver. Lauro Hagemann pelo PCB. O
espaço é de 5 minutos.
O
SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, por
disposição regimental presidi a Comissão Especial que examinou o processo de
criação, a nível municipal, do imposto de transmissão Inter-Vivos. A Comissão
teve um longo trabalho e foi paciente e foi liberal. Chegou a encerrar seus
trabalhos, reabriu-os por duas vezes, acolheu emendas que vieram em profusão e
estão aí consubstanciadas no processo, em número de 42. Não se pode dizer,
portanto, que o Projeto não tenha sido discutido. Por outro lado vou lembrar as
palavras que já pronunciei quando da discussão do imposto de combustível: O
governo da União deu um autêntico presente grego aos Municípios, ao transferir
os impostos de combustíveis e de Inter-Vivos, porque nos atribui a
responsabilidade direta de arcarmos com o ônus de termos que repassar, de
reformular esses impostos à nível de população, que nos é diretamente ligado.
Eu devo dizer com toda clareza, que
aprovo o Projeto com a mensagem Retificativa do Sr. Prefeito, pondero, por
outro lado, que certas pressões que determinaram a apresentação de certas
Emendas a esse Projeto, se tomadas isoladamente, essas pressões são normais.
Mas num contexto mais amplo, sua formulação ética é discutível, porque vêem apenas
um lado da questão e não o lado global. Eu digo isso por enquanto, porque esta
Casa sempre foi suscetível a esse tipo de pressões, não vão acabar essas
pressões agora. Mas nós estamos vivendo outra época neste Município. A
Prefeitura Municipal vai cobrar esse imposto, e vai aplicá-lo onde precisa ser
aplicado. A População está reclamando de serviços urgentes e imediatos: pontos
de luz, que não estão sendo atendidos, em torno de 10 mil; buracos aos milhares
na Cidade que não estão sendo consertados; bocas de lobo, que na primeira
chuvarada que cair inundará, novamente, esta Cidade. São coisas imediatas que a
população deseja ver atendidas.
O Governo da Frente Popular pretende dar
atendimentos a essas reivindicações, mas não é possível sem recursos. E se esses
recursos devem provir desse tipo de impostos, nós estamos dispostos a arcar com
esse compromisso e com essa responsabilidade. Sei que há uma disposição desta
Casa, de não deixar a Prefeitura Municipal sem esta soma de recursos capaz de
atender aos reclames mais imediatos da população.
Por outro lado, a investida que se faz e
a tentativa de jogar o funcionalismo municipal contra a Prefeitura também não
procede, porque a Prefeitura da Frente Popular não foi eleita para atender o
funcionalismo de Porto Alegre. Ela foi eleita para atender a cidade de Porto
Alegre e o funcionalismo faz parte desta Cidade. Ele irá ser atendido nas
medidas da possibilidade da Prefeitura. Não haver um comprometimento além da
conta, a Prefeitura Municipal não vai ficar manietada pelo pagamento do
funcionalismo sem poder realizar um centavo de investimento além da conta. E,
para isso, nós contamos com o discernimento dos senhores Vereadores que temos
tido em grande escala, mas é preciso que fique todo mundo alertado para isto.
Não é uma advertência, não é chantagem, não é nada, é apenas um lembrete, a
população vai ficar sabendo no final das contas quem tentou inviabilizar a
Administração Popular. Claro que vai depender da nossa competência, da nossa
probidade, da nossa vontade política de poder realizar as coisas para as quais
fomos eleitos, e vamos realizá-las. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Passamos à votação.
Sobre a mesa, Requerimento de autoria do
Ver. Artur Zanella, solicitando a retirada da Emenda nº 27, pedindo Destaque
para a Emenda de nº 12.
Lamentavelmente não é possível, Vereador,
tendo em vista que nós estamos em processo de votação.
O
SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu
gostaria de saber qual é o número do artigo do Regimento Interno que impede.
O
SR. 1º SECRETÁRIO: A Mesa solicita que, respondendo à
Questão de Ordem do Ver. Artur Zanella, eu faça a leitura do parágrafo 4º, do
art. 111, que se refere ao processo de votação. Está na página 22 do Regimento
Interno.
(Lê o parágrafo 4º, do art. 111, do
Regimento Interno.)
O
SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Creio que o Sr. 1º
Secretário leu o artigo errado, pois não tem nada que ver. “A votação será contínua e, só em casos excepcionais, a critério
do Presidente, poderá ser interrompida.” Nós não estamos em votação e eu estou
pedindo outra coisa: a retirada da Emenda.
O
SR. PRESIDENTE: Nós já estamos no encaminhamento para a
votação. Responderemos a sua Questão de Ordem após a votação.
O
SR. ADROALDO CORRÊA (Questão de Ordem): Dado os dois
encaminhamentos anteriores por abertura de espaço para discussão, esta, que é
uma questão de encaminhamento da votação que ainda está no seu início, poderia,
numa mediação, a critério do Presidente, abrir espaço para Comunicação de
Liderança, que preencheria aquela ausência de debate.
O
SR. PRESIDENTE: Lamentavelmente, é impossível, inclusive
já encerrarmos os encaminhamentos. Só tínhamos condições de dar oportunidade ao
Vereador do PSB, que não tinha feito o encaminhamento e, tendo em vista que o
mesmo não teve interesse, nós encerramos os encaminhamentos. Já estamos em
regime de votação.
O
SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Presidente, se V. Exª
tomar uma decisão somente depois da votação, ela será inócua, absolutamente
inútil. O que eu quero é a retirada da Emenda, só isto. Não quero interromper a
votação, nem nada.
O
SR. PRESIDENTE: É que eu estou procurando a orientação da
Diretoria Legislativa, tendo em vista que o mesmo pedido que V. Exª está a
fazer, no início da reunião o Ver. Vieira da Cunha também fez, solicitando que
a sua emenda fosse retirada, em favor de uma outra, e não foi possível.
O
SR. ARTUR ZANELLA: Quem sabe V. Exª usa o “em casos
excepcionais, a critério do Presidente” e retira.
O
SR. PRESIDENTE: V. Exª aguarde um momentinho que a
Direção Legislativa vai nos orientar.
O
SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Solicito que a Mesa se
atenha ao cumprimento do Regimento Interno. Em segundo lugar, quero fazer um
Requerimento: Que a votação seja nominal.
O
SR. PRESIDENTE: Vamos responder ao Ver. Artur Zanella: o
art. que o Ver. Lauro leu é de que não são permitidas interrupções durante a
votação, no regime de votação. Registramos o pedido de V. Exª, que,
lamentavelmente, não é possível nem retirar, nem colocar.
O
SR. ARTUR ZANELLA: O que o Ver. Lauro falou é que “a votação
será contínua e, em casos excepcionais, a critério do Presidente, poderá ser
interrompida”. Eu não estou pedindo nenhuma interrupção de votação, estou
apenas pedindo que se retire uma Emenda.
O
SR. PRESIDENTE: Só poderia retirar no momento da
discussão.
O
SR. ARTUR ZANELLA: Eu queria ver o artigo que diz isto, não
é este que o Ver. Lauro leu, com toda a proficiência.
O
SR. PRESIDENTE: Vamos à votação e, depois, voltaremos a falar
com V. Exª.
O
SR. ARTUR ZANELLA: V. Exª tomou uma decisão sem saber qual é
o artigo.
O
SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 1º Secretário que proceda
à chamada nominal dos Srs. Vereadores para entrarmos na votação.
O
SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada nominal dos Srs.
Vereadores.) Há “quorum”, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento de autoria do
Ver. Clóvis Brum que solicita votação nominal para o PLCE nº 017/88. (Pausa.)
Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, por unanimidade.
O processo de votação será o seguinte: Vota-se o Projeto com a Mensagem Retificativa e ressalva das Emendas. Depois, vota-se em bloco as Emendas com Parecer pela aprovação, da Comissão Especial. As Emendas 01, 01a, 04, 05, 06, 08, 10, 17, 21, 32, 34, 35, 37 e 39. Depois, passa-se à votação, em bloco, das Emendas com Pareceres pela rejeição, Pareceres esses da Comissão Especial. As Emendas de nºs 09, 12, 13, 14, 19, 27, 33, 36, 41 e 42. Vamos para a votação nominal.
O
SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Será votado,
inicialmente, o Projeto? Com a Mensagem Retificativa?
O
SR. PRESIDENTE: Sim.
O
SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): As Emendas terão que
ser, obrigatoriamente, votadas em bloco?
O
SR. PRESIDENTE: Não é mais possível. Agora, todas elas
serão em bloco, conforme decisão da Comissão Especial.
O
SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Poderia a Sessão ser
suspensa por 15 minutos, para se trocar idéias?
O
SR. PRESIDENTE: Estamos em regime de votação, e por isto
não pode.
Com a palavra, o Sr. Secretário para que
proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação do PLCE nº 017/88,
com a Mensagem Retificativa.
O
SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos
Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 20 Srs. Vereadores votaram SIM e 09
Srs. Vereadores votaram NÃO.
O
SR. PRESIDENTE: APROVADO o PLCE nº 017/88, com a Mensagem
Retificativa.
(Votaram SIM os Vereadores Airto Ferronato, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol, Jaques Machado, João Motta, José Valdir, Lauro Hagemann, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Omar Ferri, Wilton Araújo, Adroaldo Corrêa e Heriberto Back. Votaram NÃO os Vereadores Artur Zanella, Isaac Ainhorn, João Dib, Leão de Medeiros, Mano José, Nelson Castan, Vicente Dutra, Vieira da Cunha e Wilson Santos.)
O
SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Sr. Presidente,
perguntaria à Mesa se as Emendas n°s 41 e 42, já rejeitadas, não são
prejudicadas.
O
SR. PRESIDENTE: Vereador, nós temos aqui as orientações,
nós vamos ler, mas primeiro vamos fazer a leitura das Declarações de Voto. Nós
vamos votar agora, vota-se em bloco as Emendas com o Parecer pela aprovação.
Certo? Vou repetir o número das Emendas, nº 01 e nºs 01a, 04, 05, 06, 08, 10,
17, 21, 32, 34, 35, 37 e 39. Vamos votar as Emendas para as quais foram dados
Pareceres favoráveis pela Comissão Especial.
O
SR. VIEIRA DA CUNHA (Questão de Ordem): Apenas para lembrar de
que há mais de uma Declaração de Voto sobre a mesa a respeito daquela votação.
Indago a V. Exª se não é esse o momento oportuno para fazer a leitura da
Declaração de Voto, já que vamos passar, agora, à votação das Emendas e a
Declaração refere-se ao Projeto.
O
SR. PRESIDENTE: Vamos ler ao final da votação.
O
SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Para esclarecimento:
consta de uma orientação distribuída no Plenário, sobre as Emendas aprovadas e
rejeitadas, esclareça-se, na condição de Relator, conforme o Processo, que as
Emendas nºs 06 e 08, onde se lê quinze mil cruzados, leia-se doze mil cruzados,
conforme o documento original.
O
SR. PRESIDENTE: Conforma-se com alterações, à caneta, mas
também com a alteração do Presidente, com a alteração de quinze para doze mil
cruzados.
Em votação, em bloco, as Emendas com
Parecer favorável.
O Sr. 1º Secretário está com a palavra
para a chamada nominal.
O
SR. 1º SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos
Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 28 Srs. Vereadores votaram SIM, nenhum
Sr. Vereador votou NÃO e houve 01 ABSTENÇÃO.
O
SR. PRESIDENTE: APROVADAS as Emendas apostas ao PLCE nº 017/88, de
nºs 01, 01a, 04, 05, 06, 08, 10, 17, 21, 32, 34, 35, 37 e 39.
(Votaram SIM os Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani Gregol, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Nelson Castan, Omar Ferri, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilton Araújo, Adroaldo Corrêa e Heriberto Back. ABSTEVE-SE de votar o Ver. Wilson Santos.)
O
SR. PRESIDENTE: Votam-se em bloco as Emendas com
Pareceres pela Rejeição. Pareceres estes da Comissão Especial.
O
SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Eu havia pedido
Destaque para a Emenda nº 12. Creio que a Mesa ainda não disse se vai fazer
destaque ou não.
O
SR. PRESIDENTE: A Mesa respondeu, no início, para o Ver.
Vieira da Cunha e responde, agora, para V. Exª também, que só poderia ter sido
pedido destaque no momento da discussão. Informei isso no início da reunião e
V. Exª ainda não tinha chegado.
O
SR. ARTUR ZANELLA: V. Exª me perdoe, mas informou para o
Ver. Vieira da Cunha se ele podia entrar com o pedido de destaque. Eu pedi o
destaque lá do Plenário.
O
SR. PRESIDENTE: Mas V. Exª entendeu. Pela rejeição das
Emendas nºs 09, 12, 13, 14, 19, 27, 33, 36, 41 e 42.
O
SR. SECRETÁRIO: O processo é idêntico aos anteriores. A
Mesa vai começar a chamada nominal dos Srs. Vereadores. As Emendas com
Pareceres contrários vão ser postas em votação em bloco.
Os Srs. Vereadores que as rejeitarem com
o Parecer, deverão dizer NÃO.
O
SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Sr. Presidente, quero
chamar a atenção da Mesa de que a Casa acabou de tomar uma decisão aprovando o
Projeto e a Mensagem Retificativa. Em contrapartida, estão prejudicadas as
outras Emendas. (Pausa.) Sr. Presidente, eu retiro a minha Questão de Ordem.
O
SR. 1º SECRETÁRIO: A Mesa volta a esclarecer ao Plenário:
quem rejeitar as Emendas, de acordo com o Parecer da Comissão, vota não. Quem
quiser incluí-las novamente no processo, deverá votar sim, apesar do Parecer
contrário da Comissão.
O
SR. OMAR FERRI: Em outras palavras, quem votar não,
votará de acordo com o Parecer da Comissão Especial?
O
SR. 1º SECRETÁRIO: Exatamente. (Procede à chamada e colhe os
votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 09 Srs. Vereadores votaram SIM
e 20 Srs. Vereadores votaram NÃO.
O
SR. PRESIDENTE: REJEITADAS as Emendas apostas ao PLCE nº 017/88, de
nºs 09, 12, 13, 14, 19, 27, 33, 36, 41 e 42.
(Votaram SIM os Vereadores Artur Zanella, Isaac Ainhorn,
João Dib, Leão de Medeiros, Mano José, Nelson Castan, Vicente Dutra, Vieira da
Cunha e Wilson Santos. Votaram NÃO os Vereadores Airto Ferronato, Clóvis Brum,
Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Ervino Besson, Flávio Koutzii,
Gert Schinke, Giovani Gregol, Jaques Machado, João Motta, José Valdir, Lauro
Hagemann, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Omar Ferri, Wilton Araújo,
Adroaldo Corrêa e Heriberto Back.)
O
SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 1º Secretário que proceda
à leitura das Declarações de Voto ao PLCE nº 017/88.
O
SR. 1º SECRETÁRIO: (Lê.)
“Declaração de Voto
A Bancada de Vereadores do PMDB,
considerando que a transferência de qualquer imposto do Governo Federal ou
Governo Estadual para o Município não vem isoladamente, pois ao lado do imposto
repassado seguem-lhe uma série de encargos a serem executados pelo Município,
e, considerando, ainda, que o PMDB não negará à Administração Municipal
recursos para a viabilização de seus planos e de obras prioritárias para a
população de Porto Alegre, resolve declinar o seu voto favorável ao Parecer do
Relator Geral, Vereador Clóvis Brum, pela aprovação do Projeto com a Mensagem
Retificativa do Prefeito Olívio Dutra e Emendas.
Sala das Sessões, 13
de março de 1989.
(aa) Ver. Luiz Machado, Airto Ferronato e Clóvis Brum.”
“Declaração de Voto
Voto contrariamente ao Projeto de Lei do
Executivo que institui e disciplina o lançamento e cobrança do Imposto Sobre
Transmissão Inter-Vivos, por ato oneroso, de bens imóveis e de direitos reais a
ele relativos - ITBI - no âmbito do Município de Porto Alegre, com a Mensagem
Retificativa do Sr. Prefeito que elevou a respectiva alíquota a 3% (três por
cento).
O aumento real de 50% (cinqüenta por
cento), decorrente da Mensagem Retificativa do Sr. Prefeito, é inaceitável.
Inaceitável também foi a maneira antidemocrática e apressada da condução dos
trabalhos na presente Sessão, que impediu a discussão do Projeto, o pedido de
destaque e a retirada de Emendas, bem como a apresentação de Emendas de
Líderes.
Tal atitude da Mesa Diretora - que abriu
e encerrou a discussão antes que qualquer Vereador se inscrevesse, apesar da
vontade evidente e manifesta que antes queriam discutir o Projeto - prejudicou
o trabalho legislativo, impedindo que regimentalmente fosse possível a
aprovação de propostas que contemplassem alíquota menor do que aquela
pretendida pelo Executivo.
Contra a voracidade tributária do
Executivo!
Pela ampla discussão dos Projetos!
Sala das Sessões, 13
de março de 1989.
(aa) Ver. Vieira da Cunha, Isaac Ainhorn e Nelson Castan.”
“Declaração de Voto
Voto ‘sim’ nas Emendas rejeitadas.
Como a votação foi em bloco focalizo-me
prioritariamente e de forma destacada a Emenda nº 42 que fixa a alíquota em 2%.
No patamar da alíquota praticada pela
cobrança anterior pelo Governo Federal.
Sala das Sessões, 13
de março de 1989.
(a) Ver. Wilson Santos.”
“Declaração de Voto
Votamos favoravelmente às Emendas
rejeitadas pela Comissão, por ser nosso interesse a aprovação da alíquota de
2%.
Sala das Sessões, 13
de março de 1989.
(aa) Ver. João Dib, Vicente Dutra, Leão de Medeiros, Mano José e Artur Zanella.”
“Declaração de Voto
Votamos NÃO, pois achamos que 3% aumenta
a alíquota original que era cobrada pela Estado.
O Projeto aumenta a alíquota em 50%.
Sala das Sessões, 13
de março de 1989.
(aa) Ver. Artur Zanella, João Dib, Vicente Dutra, Leão de Medeiros e Mano José.”
“Declaração de Voto
A Bancada do PTB, entendendo que a nossa
Contribuição, ao repassar impostos ao Município, repassou-lhe encargos;
considerando, ainda, que a injeção de recursos dará oportunidade a que a
Administração do PT cumpra suas promessas de campanha em favor do funcionalismo
público, resolve acolher o Parecer do Relator Geral, favorável ao Projeto, com
a Mensagem Retificativa.
Sala das Sessões, 13
de março de 1989.
(a) Ver. Luiz Braz.”
O
SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa Requerimento de autoria do
Ver. Flávio Koutzii, solicitando seja o PLCE nº 017/88 dispensado de
distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a
aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, contra o voto do Ver. Vieira da Cunha.
O
SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Sr. Presidente, para
que conste dos Anais da Casa, eu requeiro que a Mesa informe - até acredito que
seja mais uma vez - se a Mesa, ao abrir os trabalhos no horário regimental, no
dia de hoje, colocou em discussão o Projeto, abrindo as inscrições. É uma
informação que tem que ficar registrada para terminar qualquer mal-entendido ou
qualquer desinformação de algum Vereador.
O
SR. PRESIDENTE: Vereador, não é Questão de Ordem, mas a
Presidência da Casa deve informar, novamente, que ela abriu a discussão, os
Vereadores atentos no Plenário ouviram bem, aguardou alguns segundos, ninguém
se inscreveu; o Ver. Presidente encerrou a discussão, logo a seguir, ao encerramento
o único Vereador que pediu para se inscrever foi o Ver. Isaac Ainhorn. Após o
encerramento, o mesmo esteve aqui, na minha frente, confessando que teria
acontecido isso. Agora, o voto nós respeitamos. Espero até que a presença dos
jornalistas e da taquigrafia dêem, por favor, o destaque da Sessão e não dêem o
destaque desta posição que não é verdadeira.
O
SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente,
exatamente para esclarecer esta situação que julgo fundamental pela importância
e relevância do Projeto em discussão; tão logo V. Exª falou encerrada a
discussão, efetivamente, eu me inscrevi, mas normalmente há, exatamente pela
relevância da matéria, uma liberalidade da Mesa e esta falta de liberalidade...
O
SR. PRESIDENTE: Vereador, nós estamos cassando a Questão
de Ordem de V. Exª, mesmo sendo Vice-Presidente da Casa.
Passamos à
PAUTA
– DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª
SESSÃO
PROC. N° 638/89 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 006/89, de autoria do
Ver. Vieira da Cunha, que altera dispositivos da Lei nº 4.012, de 27 de agosto
de 1975, e dá outras providências.
O SR. PRESIDENTE: As inscrições para a discussão da Pauta estão abertas. O primeiro orador inscrito é o Ver. Dilamar Machado. O segundo é o Ver. João Dib. Existe mais uma inscrição à disposição, para que não digam que nós tenhamos encerrado a discussão.
Com a palavra, para discutir, o Ver.
Dilamar Machado.
O
SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a
questão é polêmica, envolve vários aspectos publicamente qualificados, de ordem
legal, ou ética, ou moral: é a existência do Fundo de Aposentadoria dos
Vereadores de Porto Alegre.
Em primeiro lugar eu quero fazer uma
antecipação de Declaração de Voto, por que em cima do Projeto do Nobre Vereador
Vieira da Cunha, estamos encaminhando um Substitutivo, que em termos
legislativos, não é mais que uma tentativa correta, idônea,
técnico-legislativamente, de adequarmos o momento em que vive esta Casa e a
Nação brasileira, com relação a este Fundo, que para muitos não passa de privilégios
e, para outros, de direito adquirido. E especialmente encaminho esse
Substitutivo, não em nome dos Vereadores que hoje estão nesta Casa, até por que
o Substitutivo no seu primeiro artigo retira algo que do nosso ponto de vista é
no mínimo ilegal dentro do Projeto ou da Lei que aqui sobrevive desde 1965.
Retira o aspecto compulsório do desconto, ou seja, a partir da aprovação deste
Substitutivo, só vai participar do Fundo de Aposentadoria dos Srs. Vereadores,
aqueles que assim o desejarem. E com isso nós estaremos respeitando, e me
parece isso muito ético e moral, o direito adquirido por outros Vereadores, que
aqui durante muitos anos trabalharam em nome da população de Porto Alegre. Eu
citaria um exemplo único que me ocorre neste momento, um cidadão porto-alegrense
e hoje aposentado pelo Fundo de Aposentadoria da Câmara Municipal, que foi o
Ver. Wilson Arruda com quem eu fui Vereador há exatamente 21 anos atrás, em
1968, ainda no prédio do edifício José Montaury.
Este Substitutivo retira, também, do Fundo
de Aposentadoria da Câmara Municipal a participação do Poder Executivo. A
partir da aprovação deste Substitutivo, a Prefeitura Municipal, os cofres do
Município não mais participarão com 10% hoje embutidos na Lei que o criou em
1975. Sabem V. Exas, tanto quanto eu, que este Fundo é mantido com
10% de contribuição da Prefeitura, 10% de contribuição da Câmara Municipal e
10% de desconto indiscriminado de cada Vereador que aqui passa, queira ou não
queira. A partir da aprovação do Substitutivo, eu serei mais um dos Vereadores
a me desligar do Fundo. Conseqüentemente apresento este Substitutivo com a
consciência de que não estarei legislando em causa própria. E, se o fizesse, eu
diria de público sem qualquer constrangimento. E mais, retiro a participação do
Município. Aumenta a Alíquota de cada Vereador participando do Fundo de 10%
para 12%, inclusive daqueles que já estão aposentados e cria um mecanismo capaz
de corrigir uma falha que hoje a Lei não tem, Vereadores que aqui contribuem,
na eventualidade de óbito durante o mandato, deixam as suas viúvas, seus
filhos, sem qualquer garantia. Se cria, então, dentro da Lei um Fundo de
Poupança para garantir ao Vereador família, a sua família, pelo menos a
percepção daquilo que descontou atualizando à época do seu óbito. É um
Substitutivo simples que altera um princípio básico que, me parece, é a grande
discussão desta Casa. Tanto que levou o Ver. Wilson Santos à Justiça para,
através de uma Ordem Judicial, impedir o desconto dos seus subsídios e também
uma manifestação pública dos integrantes da Bancada do Partido dos
Trabalhadores que não desejam o desconto, não desejam participar do Fundo de
Aposentadoria dos Srs. Vereadores.
Não tenho outras informações a trazer a
não ser que estou encaminhando com a Justificativa a Exposição de Motivos este
Substitutivo ao Projeto do ilustre Ver. Vieira da Cunha que analisado em sua
substância integral e se aprovado por esta Casa não teria outra destinação
senão a pura e simples extinção do Fundo. Com isso, nós estaríamos, nós Vereadores,
que renovamos esta Casa em mais de 80%, agredindo, talvez, de forma até
honesta, do ponto de vista da apresentação do Projeto, mas agredindo um direito
adquirido, extinguindo um Fundo que nós não criamos e do qual não desejamos
participar. Apresento este Substitutivo em meu nome e, diria mais, em nome da
maioria esmagadora da Bancada do PDT, esperando, de outras Bancadas, a
acolhida. E repito uma frase que pode ser historicamente revolucionária, mas é
uma frase adequada aos dias de hoje neste País: “Quem não pode dar dois passos,
se puder dar um, que o dê, pois estará ajudando a construir a história da
Nação.” Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Clóvis Brum, por
transposição de tempo com o Ver. João Dib.
O
SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ocupo a
tribuna em respeito à imprensa, que recebeu informações de pessoas que ela
julga serem sérias, e agora vamos colocar as cartas na mesa. Aprovamos o
Projeto anterior, não baseados em acordo com o PT, porque esse Partido, no
assunto do Fundo, deve continuar com a sua bandeira: a da extinção do Fundo.
Esta é a bandeira do PT na Assembléia Legislativa, ao longo dos anos, que
colocou seus representantes naquela Casa. E acredito que o PT- e agora sim vai
se confirmar o acordo - deverá votar em proposta idêntica a do Ver. Vieira da
Cunha. Isto é para desmentir, para desmistificar a irresponsabilidade de quem
dá uma informação mentirosa, não-idônea, não-responsável, e que desqualifica
muito o Vereador que a faz, nesta Casa. Nunca tivemos acordo com o PT em
momento algum. Na votação do Projeto do imposto Inter-Vivos, votamos pelo que
achávamos mais oportuno e melhor. Agora no caso do Fundo de Previdência,
estamos em campos opostos. E aquelas informações que saíram no Informe Especial
de “Zero Hora” e em outros veículos, vai ser provado que o informante, que a
fonte não era digna de dar a informação. Nunca fizemos acordo com o PT em
função deste ou daquele projeto. Estamos em campos opostos, há pouco votávamos
juntos, agora já estamos em campos opostos. O Fundo de Previdência vai ser
amplamente analisado. O Projeto oportunista do Ver. Vieira da Cunha, sem
credibilidade no passado para falar sobre este assunto, porque nunca o fez,
quem nunca falou sobre um tema não tem idoneidade ideológica para falar sobre
este tema. Vamos terminar com o “caronismo”, o “caronismo” profissional, o
“caronismo” tem que terminar nesta Casa. Temos que fazer as coisas
conseqüentes, temos que ter uma identidade em torno deste ou daquele assunto.
Nem bem o PT falou sobre o assunto, o Ver. Vieira da Cunha, com a sua ágil
rapidez de lebre, apresentou o Projeto.
Agora, por que estes Vereadores que
estiveram nesta Casa ou na condição de suplente ou titular não o fizeram?
Fundamentalmente, quando o Vereador assume esta Casa, termina a condição de
Suplente, assume com o direito de votar, de apresentar Projetos. O Ver. Pedro
Ruas era suplente tanto quanto o Vereador Vieira da Cunha e o que aconteceu?
Apresentou projetos. O Ver. Isaac Ainhorn era Suplente e apresentou Projetos, e
muitos dos quais foram aprovados, agora, o Ver. Vieira da Cunha não teve, na
oportunidade, não sei por que motivos estranhos, de apresentar o projeto que
apresentou agora. Foi necessário o PT levantar o assunto para que o Ver. Vieira
da Cunha, com aquela extraordinária competência e ágil rapidez, apresentasse o
Projeto. Isto é carona! Vamos terminar com a carona nesta Casa. Vamos examinar,
criar, pois a criatividade é alguma coisa importante e quando eu falo em carona
estou muito à vontade em relação ao Ver. Vieira da Cunha. É de minha autoria
dois projetos que institui isenção do pagamento no transporte coletivo do aluno
do 1º Grau, o primeiro Projeto foi aprovado na Casa e vetado. O segundo também
foi aprovado dois anos depois e também vetado.
Sr. Presidente, temos uma certa
legitimidade no trato das coisas da população. Agora, a carona não fica bem. A
carona é uma coisa perniciosa, que o caroneiro acaba não pagando gasolina, não
comprando carro, não pagando este imposto que o Governo Federal criou. O
problema do carona é sério. Então, eu quero dizer, com toda a tranqüilidade: o
direito de apresentar Projeto qualquer Vereador tem, nesta Casa. Agora, a
legitimidade decorre da luta em torno das suas pretensões. E lembro o Ver.
Rubem Tomé, que insistia, ao longo dos anos, com aquele projeto
inconstitucional dele do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Até que um dia
se tornou realidade. Todos os anos ele o apresentava e houve até uma
oportunidade em que, atendendo a uma solicitação da Bancada, ele votou contra o
próprio Projeto, por uma questão de alinhamento com sua Bancada. Então, ele
tinha legitimidade no trato do Fundo de Garantia para o funcionário público.
O
Sr. Isaac Ainhorn: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Apenas gostaria de esclarecer a V. Exª - embora não tenha
procuração do Ver. Vieira da Cunha para tal, que, testemunho, não é um Vereador
caroneiro e, V. Exª sabe, é um Vereador sério aqui desta Casa - que o Ver.
Vieira da Cunha, quando veio para esta Casa, tão logo se investiu do mandato de
Vereador, no primeiro mês de mandato, em janeiro de 1986, ele apresentou
Projeto de Lei isentando os alunos de 1º grau da tarifa. Na oportunidade, este
Projeto não teve uma tramitação mais célere porque, na época, o Ver. Vieira da
Cunha foi para o DMLU.
O
SR. CLÓVIS BRUM: Quero fazer justiça. Evidentemente, o
Ver. Vieira da Cunha andou apresentando um Projeto neste sentido. Mas eu pensei
que o Ver. Isaac Ainhorn fosse contribuir com o meu discurso, dizendo que o
Ver. Vieira da Cunha também havia apresentado um Projeto sobre o Fundo. Mas
parece que não houve nenhum cuidado do Ver. Vieira da Cunha neste sentido. Como
eu debato hoje o Fundo, eu me preocupo com a legitimidade em torno de certas
lutas. Nós temos que ter esta legitimidade. Se não a tivermos, nós ficaremos
muito expostos a críticas. Se houver projeto sobre calçamento de ruas, pluvial,
cloacal, iluminação, regularização de vilas populares - são temas que eu não
tenho nenhum constrangimento, porque há inúmeros projetos na Casa, aprovados,
de minha autoria, neste sentido. Agora, por exemplo, vai ficar muito
desagradável se eu apresentar um projeto sobre direitos humanos, quando o Ver.
Omar Ferri se debruça sobre este assunto ao longo da sua vida. Nós temos que
ter legitimidade na apresentação das nossas proposições, senão, fica feio, fica
constrangedor para os nossos companheiros. E a partir de agora nós temos que
ter, Sr. Presidente, a transparência no trato deste negócio, se não fica o
jornal informado que vai ser aprovado o imposto Inter-Vivos, porque o PT vai
votar com o Fundo. Não é verdade. Nós só esperávamos esta votação para
desmentir esta informação, informação mentirosa, safada, sem responsabilidade,
sem credibilidade, que depõe muito sobre o seu informante. Só apelo para que os
homens da imprensa comecem a desqualificar estas informações mentirosas. A
informação foi lamentável. Agora, Sr. Presidente, a partir de hoje iniciamos
uma nova luta, aqui na Casa. Os que são contra o Fundo, os que são a favor do
aperfeiçoamento desta legislação, e nós sabemos que contra o Fundo, pela sua
história de luta, é o PT a quem vamos fazer oposição nesta matéria. E espero
que o Ver. Flávio Koutzii já comece a se preparar a partir de agora, para
trazer, em nome do seu partido, e da sua bancada, elementos que provem a
necessidade de se prejudicar Vereadores que dedicaram a sua vida em torno dos
problemas desta Cidade, e que ficarão marginalizados, e as suas famílias, -
quem sabe? no meio da miséria.
Eu acho que o Ver. Flávio Koutzii e o PT
devem trazer elementos capazes de defender a tese da extinção do Fundo. E
demais, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, se havia algum acordo, deve ser do
Ver. Vieira da Cunha, autor da proposta, e a Bancada do PT, nunca conosco.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Dib. V. Exª
tem 10 minutos.
O
SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, tenho dito
muitas vezes que o homem é honesto, porque não teve oportunidade de deixar de
sê-lo. O homem é honesto porque teve a oportunidade mas teve medo. Mas um homem
é verdadeiramente honesto, quando teve oportunidade, não teve medo e agiu com a
correção que era devida. E eu me coloco entre aqueles que tiveram oportunidade,
não tiveram medo e seguem sendo honestos. Gosto muito, Sr. Presidente, quando
se fala em ética e moral, porque isto eu também tenho. A mesma ética e a mesma
moral que em novembro de 1983 quando esta Casa me dava como Prefeito um aumento
de 49%, e eu dizia que tinha direito apenas a 40% e não aceitaria um décimo a
mais. E à época a Câmara dizia que se voltasse atrás haveria um carnaval, e eu
informava que carnaval haveria se não voltasse atrás. Voltaram atrás eu recebi
os 40% e nunca falei sobre o problema. A mesma ética e a mesma moral que me
impeliram, e depois para a satisfação minha eu vi a Casa me acompanhar, a não
receber nenhuma remuneração pela Convocação Extraordinária, porque no meu
entendimento não haveria base legal. A mesma ética e a mesma moral que faz com que
talvez seja o único dos Vereadores que tem Cargos em Comissão que não foram
preenchidos. Não sei se algum outro Vereador terá a mesma coisa, mas de
qualquer forma, o Ver. Omar Ferri me informa que tem um e eu fico contente. Mas
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esses Cargos em Comissão que eu não preenchi
dariam para pagar algumas vezes aquela contribuição que no meu entendimento
ético e moral é devida pela Câmara Municipal. A Câmara Municipal é o nosso
empregador, é quem nos paga o salário, diferente dos governadores de Estado que
não contribuíram com nada e têm vitaliciamente as suas pensões e até por
paradoxal que seja, maior do que o salário que detinham como Governador, porque
passavam a receber como desembargadores do Estado. A mesma ética e moral que
fez com que eu reclamasse, porque entendia que no momento em que eu estava
recebendo do Fundo, entendia que aritmeticamente estava errado o cálculo. Levei
dois anos para provar o meu ponto de vista; provei-o e até me indenizaram. Eu
entendo, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que na realidade o Vereador pagar os
seus 10% e o Poder Público pagar duas vezes os 10% está equivocado. Deveria ser
o Poder Público 10%, o Vereador 10%; e aí então estaríamos com toda a correção,
com toda a tranqüilidade. Mas também tem uma ética e moral que eu duvido que
algum outro tenha feito aqui. No dia - e hoje vou falar, é necessário que se
fale, já que a “Zero Hora” de sábado traz entrevista onde estão as fotografias
do Ver. Vieira da Cunha e minha, onde o Ver. Vieira da Cunha diz que a maior
parte deste dinheiro é público e poderia ser destinado a obras sociais. E
também diz que poucos terão a coragem e a honestidade e apoiar o projeto que é
tão delicado. Eu, no dia em que se estabeleceram os vencimentos dos Vereadores,
fui voto vencido. Queria que pagassem menos aos Vereadores. E eu quero dizer
que vivo de salário, tão-somente de salário, mas eu fui uma voz isolada. Então
perdi, aceitei com a tranqüilidade de quem, evidentemente se todos os
Vereadores estivessem nesta reunião, provavelmente alguns acompanhariam o meu
voto, mas eram apenas as Lideranças e a Mesa, mas eu queria que pagassem menos
aos Vereadores. É com esta ética e moral que eu durante 3 ou 4 anos percebi a
aposentadoria pelo Fundo que eu paguei religiosamente como todos os outros
Vereadores. Não vejo razões de que o Fundo que é mal-explicado para a imprensa,
que as pessoas que têm comparecido aos debates não sabem ou não querem dizer
que se paga proporcionalmente. Ninguém percebe integralmente o Fundo se não tiver
completado 24 anos de mandato. E é difícil completar 24 anos de mandato! Já é
difícil completar 2 mandatos! E o passado recente, em 15 de novembro, nos
mostram as dificuldades que enfrentaram os Vereadores: dos 33 Vereadores,
voltou pouco mais de 20%. Muitos pagaram 6 anos e não vão receber nada. Mas,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a mesma responsabilidade, a mesma ética e a
mesma moral com que tenho conduzido todos os atos da minha vida pública e
privada fazem com que eu levante, neste momento, uma Questão de Ordem que eu
quero seja examinada pela Comissão de Justiça desta Casa. A Lei Orgânica, no
seu artigo 64, inciso 1º, diz: “Compete privativamente ao Prefeito a iniciativa
das leis orçamentárias, das que versem sobre matéria financeira - e eu, aí, grifei,
pois o Projeto de Lei versa sobre matéria financeira - e das que criem ou
aumentem a despesa pública.” Então, eu quero que a Comissão de Justiça me diga
se não é competência do Prefeito uma Mensagem no sentido de alteração do Fundo
que foi criado e alterado várias vezes sempre com Mensagem do Executivo. E
também me parece importante um Fundo em que o cálculo atuarial é indispensável.
É indispensável que qualquer iniciativa tivesse um calculo atuarial para dizer
da viabilidade ou não. Há, sem dúvida nenhuma, como disse o Ver. Clóvis Brum,
alguns Vereadores que viveram integralmente o seu tempo nesta Casa e eu sempre
disse que o direito nasce do dever, e aqueles que cumpriram com o seu dever,
devem ter algum direito. Nós temos feito uma série de pronunciamentos que visam
captar a simpatia popular. Eu disse aqui que de repente era muito importante
ser impopular, mas falar a verdade e há um mês o Ver. Omar Ferri e eu dissemos
que o IVVC deveria ser aprovado como veio. Nós tivemos a satisfação de saber que
a Justiça deste Estado disse que estávamos com a razão. Mas era muito
simpático, era muito agradável, dizer que éramos contrários, que a Câmara não
queria que o consumidor pagasse os 3%, que a Câmara queria que os 3% fossem
retirados de quem recebia, mas a Justiça estava um pouquinho acima das paixões,
da demagogia, dos desacertos e trouxe a verdade. Hoje, aqueles que votaram
favoravelmente e, até, o Ver. Cyro Martini apresenta um Projeto de Lei
retirando a Emenda que repassava ao proprietário do posto, ao garagista, os 3%,
porque, por uma questão de sensibilidade, por uma questão de sentir o seu
dever, de conhecer o setor público, ele viu que estava criando um problema para
a Administração Municipal que estava em juízo buscando a solução.
Então, é com esta ética e com esta moral
que volto a dizer que o que presidiu sempre os meus atos na vida pública e
privada é que digo que o Fundo deva ser reformulado, que os 20% pagos realmente
é um exagero, mas que o empregador, que é a Câmara Municipal, deve continuar contribuinte.
Talvez sejam necessários ao invés de 8 anos, talvez sejam necessários 12 anos,
talvez, mas antes de mais nada, formulada a Questão de Ordem se a Câmara tem
competência para fazer a alteração do Fundo que está fazendo hoje. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Tempo de Liderança com o Ver. Lauro
Hagemann, pelo PCB, pelo espaço de 5 minutos.
O
SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu não
poderia deixar passar em branco os lamentáveis acontecimentos deste final de
semana no interior do Estado em que os sem-terras acampados na Fazenda Santa
Elmira foram retirados pela Brigada Militar que cumpria uma determinação
oficial. O confronto desta vez foi mais sério que das vezes anteriores e só não
resultaram em mortes por detalhes. Não estávamos presentes e não sabemos
exatamente como as coisas aconteceram.
Gostaria de dizer que é preciso que a
sociedade como um todo se dê conta de que assim como hoje todos estão
procurando desculpas para o acontecido. Todos também são culpados. E esta
situação explosiva no campo vai continuar até um desfecho que, talvez, nós não
queiramos e nem estejamos preconizando. Mas ele será inevitável.
A revisão constitucional prevista no
atual texto, que só poderá se dar daqui a cinco anos, terá que, forçosamente,
acontecer antes disso.
Hoje, o problema deste País, a nível
interno - claro que agravado pela dívida externa - é a Reforma Agrária ou a
política agrária. Este País não vai ficar em paz enquanto não se resolver esta
questão.
Hoje, pela manhã, ouvindo os vários
noticiários radiofônicos, se ouviam as opiniões das pessoas mais variadas e me
chamou a atenção um fato sobremaneira: Dom Ivo Lorchaisder, ex-Presidente da
CNBB, disse - e não sou eu que estou dizendo - que o pessoal da UDR, presente
na fazenda Santa Elmira, ao lado da Brigada, não teve nenhum de seus
integrantes molestados. Logo a seguir, ouvi uma intervenção do Presidente em
exercício do UDR que disse com todas as letras que na fazenda Santa Elmira
estavam 200 membros da UDR.
Então, Srs. Vereadores, é preciso que se
comece a pensar com seriedade neste assunto. A luta de classes está
desencadeada. E o Estado brasileiro, oriundo da classe dominante, máquina
montada pela classe dominante, com a justiça como um braço dessa classe
dominante, como as Forças Armadas como um braço dessa classe dominante; como a
imprensa como um braço dessa força dominante, tudo isto funciona para travar
esse movimento. O PCB dá a sua solidariedade para os agricultores sem-terra,
quem lutam até com a própria vida, para conseguirem um pedaço de terra. Muitas
vezes até essa luta não pelos caminhos mais adequados, temos que reconhecer
isso, essa violência vai gerar outras violências, e é possível que isso acabe
num terrível drama que não será bom para ninguém. Mas é preciso que as
autoridades, quem detém o comando, que a classe dominante, não é por bondade,
seja sensibilizada para que a solução desse problema implique um compromisso
generalizado de todos.
Este ano de eleições presidenciais vai
ser sumamente fértil para a discussão desse problema, e a sociedade como um
todo, e eu tenho notado sinais que a sociedade, principalmente os jovens, estão
se preparando para dar uma resposta que eu não sei se vai agradar a classe
dominante, tenho receio que não. Mas ele terá que suportar a decisão da maioria
do povo brasileiro em 15 de novembro, isso terá. Sou grato
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Décio Schauren, PT,
que faz transposição de tempo com o PTB, Ver. Luiz Braz.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu quero
cumprimentar a comunidade do Bom Fim, que acabou conseguindo algo que todos os
outros bairros da Cidade já solicitaram e não conseguiram: um posto policial
avançado. Quero cumprimentar o Ver. Isaac Ainhorn, que foi um dos batalhadores
para que o Bom Fim tivesse esse posto. E nós reconhecemos, Ver. Isaac Ainhorn,
a legitimidade da sua luta, a necessidade de se colocar ali no Bom Fim um posto
fixo da Polícia Militar. Mas nós achamos estranho a atitude da Brigada Militar
que age de forma completamente diferente com as outras comunidades. E eu dou um
exemplo: logo após noticiada a instalação daquele Posto Policial do Bom Fim, eu
recebi vários telefonemas de amigos meus, moradores do Morro Santo Antônio, proximidades
da Vila Maria da Conceição. Pois, naquelas proximidades, várias e várias vezes
aquela população ofereceu uma casa, instalações suficientes para que a Brigada
Militar pudesse ali se instalar. E a Brigada Militar sempre respondeu, tanto
com este Comando, como com o Comando antigo, de que não poderia instalar um
Posto Policial fixo, porque era contrário à filosofia da própria Brigada
Militar. A Brigada Militar, de acordo com os seus Comandantes, deveria executar
todo o policiamento da Cidade com viaturas, porque, assim, ela seria mais ágil
para poder policiar todos os pontos da Cidade.
Parece que esta filosofia da Brigada
Militar é uma para toda a Cidade, mas é outra para o Bom Fim, porque aquele
ponto do Morro Santo Antônio, no Bairro Partenon, nós temos, talvez, a área
mais conflagrada da Cidade. Todo mundo sabe das quadrilhas perigosas que
habitam a Vila Maria da Conceição. Várias e várias vezes nós temos notícias das
brigas das famílias que estão ali e toda aquela população do Morro Santo Antônio
corre continuado perigo com a ação dos quadrilheiros. Mas, por incrível que
pareça, a Brigada Militar não acha necessário que aquela população seja também
protegida com um Posto Policial avançado. E nós não fizemos só pedidos para os
moradores do Bairro Santo Antônio. A CEFER já ofereceu também, porque eu estive
participando dos pedidos. Outras comunidades também já fizeram o mesmo, mas a
Brigada Militar teima em manter a sua filosofia para todos estes bairros da
Cidade, faz ouvidos moucos a todas as outras comunidades, menos para a
comunidade do Bom Fim. Não que nós não achemos necessário que ali, no Bairro
Bom Fim, exista um posto policial fixo. É claro que sim. Só o que não pode
acontecer, e o que nós achamos errado, por parte da Brigada Militar, é que se
dê um tratamento para uma determinada comunidade, e se dê um tratamento
completamente diferente para todas as outras comunidades.
Nós estamos nos organizando para ir até o
comando da Brigada Militar, para solicitar um posto fixo, também, no morro
Santo Antônio, porque parece que a filosofia mudou e nós queremos a instalação
de um posto fixo ali no Bairro Santo Antônio, como acredito que também esta
atitude do Comando da Brigada Militar esteja gerando outros pedidos. Ou o
Comando da Brigada Militar diz que mudou a sua filosofia e começa a instalar
postos, ou é hora de se declarar que existe alguma coisa superior pelas
bancadas do Bom Fim, que nós não conhecemos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Liderança com o PT, Ver. Décio Schauren.
O
SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em
primeiro lugar, eu gostaria de agradecer, em nome da Bancada do Governo, pela
votação do Projeto do ITBI, aprovado por 2/3 desta Casa. É um imposto
importante, que vem suprir a difícil situação financeira que enfrenta a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Mas, venho a esta tribuna apresentar uma
Moção de Repúdio, pela violência com que, mais uma vez, foi tratada a questão
do Movimento dos Sem-Terra. O Ver. Lauro Hagemann já se referiu aqui desta
tribuna sobre a questão. E eu gostaria de colocar, inclusive, como colono que
já fui, como filho de pequeno agricultor que, mais uma vez, o Governo Federal
trata a questão agrária como uma questão de polícia. A omissão do Governo
Federal provoca o desespero de 12 milhões de camponeses sem-terra, que hoje
temos no Brasil. E a omissão do Governo Federal no trato da questão do campo é
responsável por aumentar, todos os dias, o cinturão de miséria que se está
criando em torno das grandes cidades. E este cinturão de miséria vem aumentando
dia a dia. A questão dos colonos sem-terra, aqui do Rio Grande do Sul, vem
sendo tratada com omissão pelo Governo Estadual. E isto, efetivamente, é o que
provoca o desespero destes colonos sem-terra, que estão cada vez mais
empobrecidos, cada vez mais desesperados. E, ao invés do Governo Federal e do
Governo Estadual procurarem uma solução para esta situação, mais uma vez
trataram a questão com extrema violência. A situação foi muito mais violenta do
que se leu hoje nos jornais, porque, na verdade, não foram trinta feridos. O
que se sabe é que houve 300 feridos, entre homens, mulheres e crianças. Quem
deve ser culpado, efetivamente, por esta situação é o Governo Federal, bem como
o Governo Estadual. Aliás, o Governo Federal que fez de tudo para que não fosse
aprovada a Reforma Agrária, pois todos estes milhões de sem-terra, de pequenos
agricultores poderiam estar produzindo alimentos ao invés de virem para as
grandes cidades criar um problema social.
Eu quero aproveitar para ler aqui da
tribuna a Moção que eu estou apresentando. (Lê.)
“Senhor Presidente:
Os Vereadores que esta subscrevem
requerem a Vossa excelência que, após os trâmites regimentais, seja manifestado
repúdio desta Casa às atitudes de violência tomadas pelo Governo Federal e
Estadual, com relação à luta dos colonos da Fazenda Santa Elmira.
A concentração de terras promovida pelo
atual sistema agrário promove constantemente a expulsão de milhões de
trabalhadores rurais do campo que acabam engrossando os cinturões de miséria e
desemprego em nossas cidades. O atual Governo, aliado aos interesses do
latifúndio, nega mais uma vez o direito à terra para quem nela trabalha.
O mesmo governo que fez de tudo para
impedir a Reforma Agrária no Congresso Constituinte patrocinou na Fazenda Santa
Elmira e na Sede do Mirad a mais bárbara repressão aos colonos lá acampados.
Como em Volta Redonda, mais uma vez as legítimas reivindicações dos
trabalhadores são recebidas à bala pelo Governo da Nova República, e, aqui no
Estado, com franco apoio do Governo Simon.
Repudiamos tais atos de violência e
manifestamos nosso apoio à luta dos trabalhadores rurais. É preciso que se
punam todos os culpados pela violência no campo, que nos últimos anos já matou
mais de mil trabalhadores, como o saudoso Chico Mendes, na luta da terra e todo
o País.
Pela Reforma Agrária já!
Terra para quem nela trabalha.”
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra, a Liderança do PL, Ver.
Wilson Santos.
O
SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o
Partido Liberal, convicto e convencido de que a Casa seria bem dirigida pela
Mesa que a constitui, apoiou, votou e hoje teve um momento de tristeza, e
espero que se faça o devido registro na intenção de colaborar para que não mais
ocorra uma tentativa de arranhar a Mesa. O que me deixou perplexo é que um
Vereador componente desta Casa que faz parte da Mesa, que me parece deveria
estar inclusive na Mesa, e eu me refiro ao Ver. Isaac Ainhorn até para que a
Mesa pudesse decidir até com mais propriedade, estava ausente da Mesa, não digo
que esteja incorrendo num erro, mas eu acredito que não poderia estar
subscrevendo, mesmo numa declaração de voto, acusar a Mesa porque não permitiu
a discussão, e não permitiu corretamente, grife-se, a discussão do Projeto que
nesta manhã nós votamos. É evidente que não foi possível pedir destaques para
as Emendas, não foi possível apresentar Emendas de Lideranças, não foi possível
retirar Emendas, e a alegação que foi colocada é que a Mesa Diretora deveria ser
mais liberal, mais flexível, mas eu acompanhei com muita propriedade, não digo
que eu seja uma pessoa permanentemente atenta, mas felizmente nesse episódio
posso falar de cadeira, porque eu estava atento, e realmente queria me
inscrever posteriormente, mas o Presidente ainda abriu normalmente, apregoou a
discussão e ainda disse: “Ninguém se inscreve.” Como ninguém se inscreve está
portanto encerrada a discussão. O pronunciamento dessas palavras daria tempo
suficiente para que alguém se inscrevesse, eu realmente perdi um pouco de tempo
e tinha interesse em discutir. Foi argumentado que havia grande relevância o
assunto e que a Mesa portanto, em fase da relevância, havia errado. Ora, eu
olho por um outro ângulo, se havia relevância, importância, eu acho que muito
mais razão para que nós Vereadores estivéssemos mais atentos para nos
inscrevermos no momento correto. Então, o PL, com esta representação que tem
nesta Casa, consciente quando discutimos com a instituição político-partidária,
o apoio a esta Mesa, que constitui a direção desta Casa, vem a esta tribuna,
porque todo este cenário que está aqui, e lamento que agora tenhamos poucos
Vereadores, a Casa estava repleta de pessoas presentes, e ouviram aquela
declaração de voto que eu acredito seja infeliz, e quero contribuir, ao soar a
minha voz e a voz do PL, para que não mais ocorra, porque a Mesa agiu
corretamente, e acredito que deveria ter maior atenção, pela relevância do
assunto, para se inscrever; apregoou a discussão, deu o tempo necessário,
encerrou a discussão, e eu acredito que também num direito democrático, houve
pedido para que ela transigisse, retornasse, não transigiu e agiu corretamente.
O PL continua apoiando a Mesa e solicitando que haja uma conscientização maior
para que fatos como este não voltem a acontecer. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Omar Ferri.
O
SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, um homem
público, que é um homem político, muitas vezes cumpre a sua missão com o coração
muito amargurado, e com uma dor muito profunda, porque os homens públicos bons
muitas vezes, apesar de toda a sua luta, de todo seu ideal com que se lançam
para resolver os problemas do povo, em geral, pelo menos no Brasil, no Cone
Sul, nos países pobres da América Latina, em todos os países de terceiro mundo,
os resultados são, exatamente, contrários as aspirações dos bons políticos e do
povo em geral. Eu digo contristado porque esta Pátria para mim até não existe.
As leis aprovadas pelo Congresso Nacional, quem não sabe, quando são leis
elaboradas em favor do povo é evidente, que mesmo aprovadas elas foram
aprovadas justamente para não serem cumpridas. Quando as classes dominantes ou
a aristocracia rural deste País toma a dianteira e usa uma instituição - que é
mais hoje um Partido político porque tem forças em suas mãos - chamada de UDR
para conseguir do Congresso Constituinte a não aprovação da Reforma Agrária.
Mas é incrível o que ocorre com um País cujas dimensões não existe paralelo no
concerto dos demais países deste planeta, infeliz, porque está sendo destruído
ecologicamente, chamado Terra. Saibam V. Exas que as companhias
estrangeiras - segundo dados oficiais do INCRA - são donas em nosso País, de
áreas de terra tão extensas, que se juntadas, formariam uma superfície tão
grande que a soma seria maior do que 6 ou 7 Estados do Brasil a começar com
Espírito Santo, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Maranhão e outros - são dados
oficiais. Saibam V. Exas que os latifundiários de São Paulo, e esta
é a palavra oficial de José Gomes, que foi o primeiro Presidente do INCRA neste
País, na gestão da tal de República Nova, que os latifundiários de São Paulo
são donos, fora do Estado de São Paulo, de fazendas cuja soma tem uma
superfície mais extensa do que o próprio Estado de São Paulo, propriedades
usadas apenas para fins especulativos. Por outro lado, o Estatuto da Terra
aprovado em 1964, no seu parágrafo segundo diz: “É assegurada a todos a
oportunidade de acesso à propriedade da terra, condicionada pela sua função
social, na forma prevista em Lei.” Eu não quero discutir o aspecto legal do que
está ocorrendo, hoje, em nosso Estado, mas eu discuto, acima de tudo, o aspecto
moral, o aspecto da decência, da lógica. É muito fácil culpar outros pela
não-realização da Reforma Agrária. Eu pergunto aos Senhores: o que fez esse
governo em favor da Reforma Agrária desde sua posse? Nada. E não são 13 milhões
de agricultores sem-terra como disse um Vereador. As estatísticas estão
comprovando que existem 30 milhões de agricultores sem-terra neste País. E se
olharem o mapa de propriedades da nação vão observar que 0,8% dos proprietários
que detêm em suas mãos latifúndios, são donos de 48% da terra e apenas o
restante são donos de 52% da terra. Eu entendo que o direito de morar vem antes
do direito de possuir e o direito de trabalhar na terra vem também antes do
direito de propriedade rural. Milhões de andrajosos perambulam pelas paragens
do Brasil e do Cone Sul. Dentro de 4 ou 5 anos explodirão, em nossos torrões,
milhares de “venezuelas” e esses governos que não resolvem os problemas, como o
governo do Estado do Rio Grande do Sul, culpam a Igreja pelos lamentáveis fatos
que hoje ocorrem. Além de tudo, somos obrigados a ouvir desculpas esfarrapadas
e cínicas. Só quero dizer, Sr. Presidente, que além deste protesto da tribuna
contra o que aconteceu ontem no Rio Grande do Sul, a nossa solidariedade à
Moção apresentada pela Bancada do PT. Nós estaremos sempre à frente dos
movimentos que visem à defesa do povo, não dos proprietários de automóveis, Sr.
Vieira da Cunha, do povo no sentido amplo e geral, o povo degradado e
espezinhado, sem futuro, sem fé, sem educação, sem escola e que está passando
fome e que as classes privilegiadas não sentem, não notam e não são sensíveis a
esses problemas e no momento em que isso explodir nós acompanharemos a explosão
na linha de frente, porque o nosso lado é o lado do povo e não o lado da
aristocracia rural deste País. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Vieira
da Cunha, pela Bancada do PDT.
O
SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
inicialmente quero confessar que não pretendia nesta Sessão utilizar da palavra
para pronunciar-me a respeito do polêmico Fundo de Previdência dos Vereadores,
mas me obrigo a fazer este pronunciamento por dois motivos: em primeiro lugar,
pela notícia veiculada no jornal Zero Hora do último sábado que colocou em
minha boca palavras que eu não disse. Jamais no debate desta matéria coloquei o
meu Projeto de Lei, da questão ampla do Fundo de Previdência dos Vereadores,
como uma questão de honestidade. Não fiz isso na justificativa ao meu Projeto
de Lei, não faço isto nos debates que tenho tido com meus colegas, debates
públicos na imprensa e não o faria, jamais, porque este não é o meu
entendimento. Não acho que a questão do Fundo de Previdência seja uma questão
que nos divida pelo limite da honestidade: de um lado favoráveis ao meu Projeto
estariam os honestos e de outro lado, os contrários ao meu Projeto, seriam os
desonestos. Não é esta a minha concepção, não disse àquele jornalista e venho
aqui, publicamente, desmentir aquela notícia, até porque está colocada entre
aspas quando se refere a um pronunciamento que teria tido e eu não disse essa
palavra, mas está escrito na justificativa e eu aqui, publicamente, repito que
entendo o Fundo, como está colocado e consubstanciado nesta Lei de 1975, como
efetivamente um Fundo imoral, sim. E que cria privilégios insustentáveis, sim.
Quando há um Fundo de Previdência de caráter privado e que 2/3 das suas verbas
são de origem pública e que apenas 1/3 saem dos subsídios do bolso dos
Vereadores, sustento sim que este Fundo é imoral e que cria privilégios
insustentáveis.
Não pretendia também, Sr. Presidente, me
referir ao pronunciamento do Ver. Clóvis Brum até porque da forma como foi
colocado me pareceu, mais do que antiético, de um baixo nível que não pretendia
responder. Mas, em meio a comparações absurdas, antiéticas e despropositadas,
desferiu, o Líder do PMDB, algumas críticas, porque são políticas, merecem
repostas; as pessoais, me nego a responder. As políticas foram, primeiro: de
que este Vereador estaria indo atrás de algo defendido pelo PT. E eu respondo a
este Vereador, com o respeito que ele me merece: que este não é um assunto
privativo do Partido dos Trabalhadores. Diria até mais, que não é um assunto
privativo de um partido político, até o PL oficialmente já se manifestou; o
PSB, através do Ver. Omar Ferri, publicamente, já se manifestou. Não é, Ver.
Clóvis Brum, uma questão partidária, muito menos de um só partido, quanto à
legitimidade, que foi outra crítica política feita por V. Exª. Lembro a V. Exª
que lá em 1986, aí sim, V. Exª poderia vir à tribuna e criticar este Vereador
se tivesse apresentado projeto, porque lá estava eu como Suplente. Nem sócio,
V. Exª sabe disto, que os Suplentes não são sócios do Fundo. Não recolhia para
o Fundo. Lá não tinha legitimidade! Mas agora como Vereador Titular de Porto
Alegre sobra-me legitimidade para apresentar este Projeto ou qualquer outro,
segundo meu entendimento, como este, tenho entendimento neste sentido, repito:
acho imoral, tenho convicção de que cria privilégios insustentáveis perante a
opinião pública. Daí porque estou agindo, Ver. Clóvis Brum, dentro da
legitimidade que tenho como titular do mandato. Em 1986, talvez, não tivesse.
Mas agora tenho, Sr. Presidente, com certeza. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Liderança com o PMDB, Ver. Clóvis Brum,
tem 5 minutos, sem apartes.
O
SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a Casa
sabe que no calor do debate às vezes a gente diz o que não quer e não diz o que
quer. Se alguma colocação de ordem pessoal fiz ao Nobre Ver. Vieira da Cunha,
eu solicito de público que a taquigrafia a retire. Não é do meu feitio fazer
ataques pessoais, agora, as colocações políticas, todas elas, permanecem, e
acrescidas de outras que no decorrer dos dias haveremos de abordar.
Mas me parece, Sr. Presidente, que o
relevante hoje é o que eu assisti ontem na televisão. Eu não vou subscrever a
nota do PT, na condição de Líder do PMDB, porque a nota em momento algum se
refere à decisão judicial. Houve uma decisão judicial, e o que estava
realizando naquela operação militar, era efetivamente a determinação do Poder Judiciário.
O Poder Judiciário que, no meu entender, deveria ter encontrado solução
diferente do que a decisão fria da Lei. Acho que ao Juiz não é privativo apenas
a execução da Lei, mas ele tem o dever de viabilizar os problemas sociais no
fato gerador de uma decisão, ele tem que ter a competência de encontrar outras
soluções para evitar o que aconteceu ontem.
Não pensem os Srs. Vereadores que eu
desposo a idéia de ver homens e mulheres perfilados em fila indiana, com mãos
sobre a cabeça, como se fosse um verdadeiro campo de concentração.
Rigorosamente eu também repudiei, porque não é possível se tratar nesse País de
desiguais, os trabalhadores como assassinos. O que eu assisti na televisão
ontem, Sr. Presidente, foi exatamente este quadro de um Governo Federal
insensível, de um Governo Federal - e digo mais - ilegítimo na sua condição de
Vice-Presidente. O destino foi traiçoeiro com o Brasil na perda de Tancredo
Neves, porque não é Sarney o Governo que nós queríamos. Não era ele que nós
buscávamos. Nós buscávamos, através dele, naquele momento, a derrubada dos
militares. Nunca imaginávamos que no decolar desta longa viagem de
transformações sociais no País, haveríamos de perder o nosso timoneiro, o
grande Presidente Tancredo Neves.
Ontem, Sr. Presidente, eu verifiquei, eu
assisti uma cena degradante de violência. E vou dizer mais, poucas cenas
cometeram os militares que deram o golpe em 1964, idênticas às cenas que eu
assisti. Acho que no exato momento em que os governantes permitem a realização
de um avanço armado, bélico, como aquele que se realizou, jogando em risco a
vida até de crianças, dois são os responsáveis, quem determinou a decisão e os
que fomentaram este estado de coisas. Eu esperava que o Dep. Adão Preto
estivesse no Poder Judiciário buscando uma solução que viabilizasse aquele
desfecho. Não, onde andava o Dep. Adão Preto? Dando entrevistas a rádios e
televisões de que de lá não sairiam, etc., etc.
Ora, Sr. Presidente, condeno a atitude
irresponsável de um Deputado Estadual. E condeno muito mais, Sr. Presidente, a
violência praticada aos olhos de todo o Rio Grande e de todo País em cima de
pessoas humildes, de trabalhadores honestos que querem só uma coisa: um pedaço
de terra para alimentar seus filhos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento de Moção de
Repúdio, lido pelo autor, Ver. Décio Schauren, contra atitudes de violência
tomadas pelos Governos Federal e Estadual com relação à luta dos colonos da
Fazenda Santa Elmira.
Com a palavra, para encaminhar, o Ver.
Luiz Braz.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o que
nós assistimos, com relação à Fazenda Santa Elmira, não foi, Ver. Clóvis Brum,
uma ação isolada envolvendo o Governo Federal e aqueles que lá estavam
postulando por um pedaço de terra; foi algo superior a isto, e nós assistimos
na Fazenda Santa Elmira a um envolvimento direto do Governo do Estado, porque
aqueles que lá estavam cumprindo mandado judicial eram ligados diretamente ao
Governo do Estado. Ou não era a Brigada Militar que lá estava cumprindo aquele
mandado judicial? Ou a estratégia de guerra usada contra os colonos da Fazenda
Santa Elmira não foi uma estratégia toda ela elaborada dentro do Comando da
Brigada Militar? Ou será, Ver. Leão de Medeiros, que foi o Exército que
elaborou toda aquela estratégia de guerra, e entregou nas mãos daquele
Comandante da Brigada Militar, para que ele assim agisse? Não, não foi o
Exército, não foi nenhum estrategista federal, foi alguém de dentro da própria
Brigada Militar! E que eu saiba, Ver. José Valdir, a Brigada Militar é uma
polícia militar ligada diretamente ao Governo do Estado! Recebe comando,
também, do Governador Pedro Simon, ela não toma atitudes diferentes daquela que
o Estado não quer que ela tome. Não que ela não tenha obrigação de cumprir um
mandado judicial. Só que daquela forma como ela agiu, só que daquele jeito como
agiu, só que com aquela violência com que agiu utilizando inclusive aviões para
atirar gás lacrimogêneo, daquela forma nós não tínhamos visto nem nas épocas
mais duras da ditadura. Eu nunca tinha visto coisa igual. Na época da ditadura
não se utilizou violência daquele tamanho. O que nós vimos ontem foi o
confronto entre aqueles que tudo podem, aquela minoria ligada à UDR, aqueles
que tudo têm, porque lá na UDR estão apenas os grandes latifundiários, os
médios e os pequenos normalmente correm da UDR, mas os grandes aí estão. O que
nós vimos foi o confronto entre estes grandes latifundiários e os colonos,
porque os grandes latifundiários estão acostumados a utilizarem os colonos
apenas como servos dos seus interesses. Apenas como escravos de sua vontade,
não desejando que este quadro se modifique. Eles não querem defender os
interesses nacionais. Eles querem é defender os seus próprios interesses. E
para defender os seus próprios interesses usaram o Estado do Rio Grande do Sul.
Usaram a Brigada Militar que poderá ter uma existência de 100 anos, mas nunca
apagará de sua memória, de sua história a ação desencadeada contra aqueles
colonos da Fazenda Santa Elmira. Nós resolvemos assinar esta Moção encaminhada
pela Bancada do PT, porque acreditamos ser uma Moção bastante justa, ser uma
Moção contra aqueles que agora no ocaso de um governo, agora quando estão
prestes a perder o poder dizem simplesmente que vão-se afastar, declaram o
Presidente Sarney personna non grata. Mas agora faltam seis meses, ou
menos que isto, ainda, para encerrar, completamente, o ciclo de poder em que se
envolveu, o meu ex-Partido, PMDB. Quer dizer, agora não é hora de se afastar,
declarar o homem personna non grata, isto era questão do ano
passado, de épocas anteriores. Agora não vale. Se afastar agora para tentar
iludir o povo, como aconteceu no lamentável episódio do Plano Cruzado. Agora,
não. Lançou agora o Plano Verão, mas os articuladores do Plano Verão não
tiveram a habilidade daqueles articuladores do Plano Cruzado e não conseguiram
envolver o povo como aconteceu em 1986.
Agora, falar que os acontecimentos da
Fazenda Santa Elmira são acontecimentos que se devem debitar apenas ao Governo
Federal? Esta não, esta não pega! Mais uma vez eu reafirmo: quem cumpriu o
mandado judicial foram homens ligados à Brigada Militar e pelo que eu sei, a
não ser que haja alguma modificação a partir de ontem, os homens ligados à
Brigada Militar são homens atrelados ao Estado do Rio Grande do Sul. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Para encaminhar, com a palavra, o Ver.
Omar Ferri pela Bancada do PSB.
O
SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não
apenas para encaminhar esta proposição apresentada, mas para também continuar o
meu pronunciamento anterior, porque me parece que é nosso dever juntar mais
alguns dados sobre o problema fundiário brasileiro. Embora a Legislação de 1964
preveja a possibilidade de Reforma Agrária e dê toda a instrumentalização
necessária para o Governo fazê-la, se quisesse, na verdade, poderia fazê-la,
mas a situação ao invés de ser resolvida, retroage ficando tudo cada vez pior,
tanto que relatórios da Anistia Internacional tem apontado tortura e violência
no campo. Este fato ocorrido ontem no Rio Grande do Sul é a repetição de
centenas de outros ocorridos no Brasil. Para dar um exemplo na região do
Araguaia e Tocantins numa determinada ocasião policiais militares, polícia
civil, jagunços, grileiros e Exército Nacional, num total de 1.800 homens,
fizeram uma frente de guerra contra posseiros, agricultores e camponeses que
cometiam, neste País de dimensões continentais, crime de requerer terra para
trabalhar. Some-se a isto, porque o problema é um todo, uma resultante desses
30 milhões de agricultores sem-terra, que migram para as cidades, e formam
nelas, um cinturão de miséria. Simpósios sobre a situação de menores têm
assinalado que neste País existem 2 milhões e meio de meninas de 12 a 15 anos prostituídas
nas grandes cidades do País, e não se faz Reforma Agrária. E eu perguntaria a
este augusto e nobre Plenário: Será por falta de dinheiro? Será que esta Nação
não tem dinheiro para realizar a Reforma Agrária, o maior problema nacional? Eu
diria que não. Eu diria que sobra dinheiro, sobra tanto dinheiro que estamos
importando a sucata industrial dos países do Primeiro Mundo e gastando milhões
de dólares em importações de produtos supérfluos. Sobra tanto dinheiro neste
País, que, para construir a Ferrovia do Aço, que inicialmente era objetivo do
governo eletrificá-la, se importou 300 milhões de dólares em equipamentos para
a sua eletrificação. Contudo, desistiram de eletrificá-la. Foram 300 milhões de
dólares que foram jogados, janela à fora, por nossos administradores. E o que
dizer dos projetos faraônicos da Angra II e III, que envolveram a fantástica
quantia de 40 bilhões de dólares sendo que destes, 3 bilhões foram aplicados no
Projeto da Angra III, que agora, felizmente, se deliberou em não construir. E a
Usina Xingó, no interior de São Paulo? O governo comprou 8 turbinas para nela
serem instaladas, só que nesta Usina não cabiam 8 turbinas, mas sim 3 turbinas.
E o prejuízo brasileiro foi 600 milhões de dólares. Vou concluir Sr.
Presidente, isto me lembra a célebre obra do Gal. Nelson W. Sodré, que escreveu
a única obra no gênero nesse País, a História Militar do Brasil, em que os
militares construíram uma ferrovia e cruzando-a, uma ponte, e não previram, o
chaminé da locomotiva. Começam por aí as desgraças Nacionais. Quer dizer que
nós temos dinheiro, armas, polícia, força, dispomos de tudo da instrumentação
legal, que tudo que um país precisa para fazer Reforma Agrária. Principalmente
de terra, mas dentro dessa estrutura e desse governo, a Reforma Agrária só será
feita em favor dos senhores latifundiários e da UDR, que cada vez mais aumentam
as suas propriedades, não foi por um outro motivo, que ontem e depois que se
empregou as forças públicas - só faltou empregar urutu -, para desalojar os
agricultores sem-terra, e depois de desalojados a troco de uma violência
estúpida e desnecessária a UDR estourou milhares de foguetes e está comemorando
mais uma etapa de uma batalha vencida. Mas eles podem ter certeza que perderão
a batalha final. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Encaminhamento com o PDT, Ver. Isaac
Ainhorn.
O
SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, coincidência ou não, há
25 anos atrás, João Goulart, no célebre comício das reformas de base, assim se
expressava: “Trabalhadores, acabei de assinar o decreto da SUPRA, assinei, meus
patrícios, com o pensamento voltado para a tragédia do irmão brasileiro, que
sofre no interior de nossa Pátria. Ainda não é aquela Reforma Agrária pela qual
lutamos, ainda não é a reformulação de nosso panorama rural empobrecido, ainda
não é a carta de alforria do camponês abandonado, mas é o primeiro passo, uma
porta que se abre à solução definitiva do problema agrário brasileiro. Não é
justo que o benefício de uma estrada, de um açude ou de uma obra de saneamento,
vá servir aos interesses dos especuladores de terra que se apoderam das margens
das estradas e dos açudes.”
Sr. Presidente, exatamente, talvez se
tivéssemos implementado aquilo que João Goulart, há 25 anos preconizava, os
agricultores sem-terra do nosso Estado não estariam passando pelo que estão
passando nos dias atuais. O episódio que ontem, sábado e domingo, assistimos,
não teria acontecido, porque a Fazenda Santa Elmira é beneficiária de uma
barragem e estaria dentro dos projetos de Reforma Agrária. Igualmente convém
lembrar ainda a homenagem que se presta aos 25 anos daquele célebre discurso,
quando dizia João Goulart: “Não pensem, trabalhadores, que há meio de se fazer
a Reforma Agrária sem mexer a fundo na Constituição”. Em todos os países
civilizados do mundo já foi suprimido do texto constitucional aquela parte que
abriga a desapropriação por interesse social, a pagamento prévio e em dinheiro.
Infelizmente, Sr. Presidente, não é isto que assistimos em relação aos
dispositivos constitucionais. Tivessem sido formulados aqueles princípios
preconizados há 25 anos atrás, não estaríamos passando pelos episódios tristes,
pelo drama e pela tragédia que passam os agricultores sem-terra em nosso
Estado. E evidentemente o nosso encaminhamento favorável à Moção que ora foi
apresentada pela Bancada do Partido dos Trabalhadores e subscrita por inúmeras
Lideranças desta Casa, porque não podemos compartilhar com aquelas cenas
terríveis, com aquelas cenas que assistimos pela televisão em nossa casa em que
os camponeses eram vítimas de brutais espancamentos como aconteceu aqui, ao
lado da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, no prédio do MIRAD. Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, nós temos que ter sensibilidade, e não é sob a
forma que está querendo a Nova República é que vai-se solucionar o problema da
terra em nosso País. Infelizmente, a Nova República lá em Brasília, a Nova
República aqui em Porto Alegre, que se expressa no governo Pedro Simon, adotou
o caminho que, como disse muito bem o Ver. Clóvis Brum há pouco, nem nos piores
momentos a ditadura militar muitas vezes não se valeu, ou seja, o caminho da
violência. E eu lembro muito bem que da mesma forma, amparada num mandado
judicial, a ditadura nos expulsou, sob o argumento do esbulho possessório, do
prédio do Diretório Central de Estudantes, em 1968. A ditadura também sabia
invocar as leis, invocar o Poder Judiciário para expulsar estudantes,
camponeses, trabalhadores em situações muito semelhantes. E nós,
coincidentemente vemos, hoje, se repetirem fatos que aconteceram nos períodos
mais negros da ditadura, como a expulsão com base no mandado judicial. Mas não
é sob essa forma que vamos resolver os impasses, pelo contrário, essas fórmulas
levam a um confronto e o confronto não é positivo para o País neste momento e
para isso também deve, o Poder Judiciário, ter sensibilidade, intervindo
diretamente muitas vezes, como pode até ocorrer, porque a responsabilidade não
é apenas da Brigada Militar, que cumpre uma ordem, uma decisão judicial, pois
se não a cumprisse estaria cometendo um delito, uma verdadeira sublevação de
uma hierarquia existente. Por tudo isso, Sr. Presidente, é que nós reiteramos
que não é através do confronto, da violência, fórmula adotada pela Nova
República, tanto a nível federal, como a nível estadual, que nós resolveremos
os problemas aflitivos da questão agrária em nosso País. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Heriberto Back,
pelo PT.
O
SR. HERIBERTO BACK: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu,
ainda, com a aquiescência da Bancada, vou trazer aqui uma Moção de Repúdio
também contra o Poder Judiciário, porque os colonos rasgaram aquela ordem
judicial. Eu tive a oportunidade, uma vez, com o apoio do povo de uma vila, de
também rasgar uma ordem judicial. Muitas injustiças se cometem neste País pela
Legislação existente e também por juizes sem independência, sem sensibilidade,
que muitas vezes aplicam a Lei mas não fazem justiça. O Juiz tem obrigação de
fazer justiça, de interpretar a Lei e essa Lei poderia ser interpretada de
forma muito diferente. Agora, pior do que isso são os governantes que se cobrem
com o manto de uma decisão judicial para fazer o que estão fazendo. Aliás, eu
perguntaria se realmente são autoridades, se realmente são governantes os que
fazem isso. O Décio dizia que são 12 milhões de camponeses sem terra. O Ver.
Omar Ferri disse que são muitos mais, que são não sei quantos milhões de
menores abandonados, sim; de meninas prostituídas que vêm do campo. Parece que
não há pressa dos chamados governantes deste País, de resolver o problema dos
camponeses sem-terra. Não há pressa de resolver os problemas das milhares de
meninas camponesas prostituídas, dos milhões de menores abandonados.
Conseqüência da injustiça neste País, da situação fundiária deste País, da
distribuição de renda neste País. Serão governantes? O que é um governante, o
que é um Presidente, o que é um governador? Eu me pergunto se realmente nós
temos Governador neste Estado, se nós temos um Presidente neste País. Eles
estão governando em função de quem? Do povo brasileiro? Dos que trabalham? Ou
estão governando em função das multinacionais, do grande latifúndio? Às vezes
me dói de reconhecer que de repente Brizola tinha razão quando propunha que
Figueiredo ficasse mais dois anos para fazer a transição. Pois caímos numa
transição de 5 anos. Não existe transição de 5 anos. Eles sacramentaram,
durante 5 anos, pela Lei, o que os militares fizeram fora da Lei. Então, não
houve transição. Eu acho que nós estamos numa situação muito mais grave. Nós
estamos sem governo. Nós estamos sendo governados por um empregado do capital
internacional. O Brasil está sem Presidente. Aliás, o Cacique Juruna tinha
razão, não há, nós não temos Presidente, nós temos um empregado das multinacionais.
E eu pergunto o que temos aqui no Governo do Estado: é um Governador ou é um
empregado daquele homem lá em cima - com quem ele diz que está brigado? Parece
que está faltando algo maiúsculo neste País, se reconhecer que esta é uma luta
muito maior, nós somos um País efetivamente colônia. Debaixo deste manto da
legalidade, debaixo deste manto da Constituição, debaixo do manto da Bandeira
Nacional. O fato é que não são governantes, porque os interesses do povo
brasileiro não estão sendo respaldados. Eu diria, o quê está fazendo a Brigada
Militar? Será que a Brigada Militar vai continuar tendo que obedecer ordens
desses que não são governantes? Nós estamos num País sem governo e a Brigada
Militar rigorosamente não teria por obrigação obedecer a este Governo. Então,
acho que são duplamente responsáveis. O chamado Governo do Estado; o chamado
Governo da República e também as Forças Armadas que fizeram essa repressão ou
eles têm a mesma atitude? Onde é que estão os ladrões de colarinho branco? Tem
algum preso neste País? Vocês conhecem? Todos os grandes que teriam que ser
reprimidos, onde é que estão? Então, a questão não está na questão da Lei, está
na nacionalidade. Nós estamos num País sem governo e a Brigada Militar está
obedecendo a um governo que não é governo. Temos que pegar esse ano de eleição
presidencial e refletir profundamente em que situação nós estamos. A partir
desta Moção vamos fazer esta reflexão. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Encaminha, pelo PMDB, o Ver. Clóvis Brum;
V. Exª está com a palavra.
O
SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, iriam
dizer, algumas pessoas, que não nos conhecessem melhor, que não teríamos
legitimidade para abordar este assunto. Pois quero lembrar ao Partido dos
Trabalhadores, que propõe esta Moção, de que este assunto do latifúndio, o
controle da remessa de lucros, o endividamento externo e a presença de
multinacionais, a encampação de empresas brasileiras que estavam nas mãos de
multinacionais, está é uma luta da qual nós participamos desde os nossos tempos
de estudante, na condição de Presidente da Liga da Mocidade do PTB. Lá na minha
longínqua Uruguaiana. Em função destas lutas, aquele PTB, aquele Partido
Trabalhista Brasileiro, que via na posse de João Goulart o enfrentamento destes
problemas e para os quais nós estávamos organizados a nível de trabalho de
base. Sofremos toda a sorte de violência, de cassação, de banimentos, de
torturas. Só eu, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, tive na oportunidade meu pai
e meu irmão com mandatos cassados e expurgados e mais o meu irmão cassado em
Porto Alegre. Vejam, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que está não é uma luta
de agora. Está é uma luta da qual participamos há muitos anos. Ainda lembro dos
grupos de hoje, Sr. Presidente, que não tinha a intuição bélica, mas que era
uma organização de base, baseados em duas lutas fundamentais. A mudança do
comando partidário e a ação concreta na Reforma Agrária e na remessa de lucros
que este País vinha fazendo escancaradamente através das empresas
multinacionais.
A luta do homem do campo não é de agora.
Talvez os homens do PT, de mais idade, que tenham convivido no período antes de
1964, é bem provável que estivessem no PTB engajados na nossa luta de Reforma
Agrária. Os mais jovens realmente a gente pode dizer, bem-vindos a esta luta.
Esta luta não é agora, esta luta é bem antiga. Particularmente, Sr. Presidente,
se olharem os livros da Escola Agrotécnica do Alegrete, saberão que eu,
particularmente, abandonei a Escola, Sr. Presidente, na condição de Presidente
da Liga da Mocidade do PTB de Uruguaiana, para me lançar à grande luta que o
PTB realizada em torno da Reforma Agrária, da remessa de lucros, da
estatização, Sr. Presidente, de empresas multinacionais aqui neste País. E a
resposta foi muito forte. Os militares, a CIA e as empresas multinacionais,
notadamente as americanas, se levantaram e deram o famoso Golpe de 1964,
cassando, transformando cidades como Uruguaiana, Itaqui, Quaraí, os seus
quartéis em campos de concentração, prendendo brasileiros em arames farpados,
como foi em Uruguaiana tal e qual o gesto que me mostra o Ver. Omar Ferri.
Naquele momento nós estávamos juntos, também fui preso naquele momento. Toda
esta luta não inicia agora, esta luta vem de muitos anos, vem há muito da perseguição
de dar aos homens sem-terra um direito, um pedaço de terra para que possam
plantar e criar seus filhos com dignidade.
Para concluir, Sr. Presidente, fico
contente com o trabalho que realiza o PT e demais segmentos da sociedade na
busca de dar aos homens sem terra deste País um lugar para criar os seus filhos
e plantar. Agora, não podemos apagar da história a contribuição grande que se
viveu neste País antes de 1964 e que o Golpe militar varreu a todos. Éramos uma
floresta de carvalhos gigantescos na busca da Reforma Agrária, mas o furacão
irreversível dos assassinos de 1964 nos baniu a todos, deixando aqui e acolá
uns poucos troncos solitários podados na sua folhagem, sem dar e sem receber
sombra, a murmurar umas poucas brisas. E, agora, Sr. Presidente, que surge
gente nova, companheiros novos na busca desta luta, na reativação desta luta,
pacífica, é verdade, nós queremos dizer que a menos que nós recuemos, esta luta
será inglória. Mas é necessário que avancemos com cuidado, com seriedade nesta luta,
que não pertence a um Partido político, nem a dois, nem a meia dúzia de
políticos, mas pertence à sociedade, como foi dito, Sr. Presidente, em célebre
frase de S. Santidade: “Sobre a propriedade rural pesa uma grande hipoteca
social.” Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os encaminhamentos e,
infelizmente, não temos “quorum” para a votação.
Assim sendo, encerro a presente Sessão.
(Levanta-se a Sessão às 13h02min.)
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